Economia
Com novos mercados no mundo, Brasil avança na exportação de carne
Habilitação de frigoríficos para a China é o mais recente exemplo da expansão. País abriu 105 mercados no exterior
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, nesta sexta-feira, uma fábrica da produtora multinacional de alimentos JBS em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Na ocasião, houve um ato em comemoração à habilitação de novos frigoríficos autorizados a exportar para a China. A planta em questão enviou para o país asiático o primeiro lote de carne produzido pelos novos frigoríficos, habilitados em março.
O governo estima que as novas habilitações gerem um incremento de cerca de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira, ao logo de um ano. O cálculo de incremento na receita das exportações leva em consideração o faturamento de uma planta de médio porte que exporta para a China, em torno de R$ 300 milhões anuais.
“É uma alegria estar de volta ao Mato Grosso do Sul para a habilitação dos 38 frigoríficos para exportação de carne brasileira para a China. É uma homenagem ao país chinês a gente entregar carnes de qualidade, abrindo novos mercados e gerando empregos no Brasil”, declarou Lula.
Segundo o presidente, o fluxo de exportação e importação já ultrapassa US$ 560 bilhões e o país tem potencial para, em mais 10 anos, chegar a US$ 1 trilhão em comércio exterior. “Nós temos capacidade de vender, capacidade de produzir, qualidade e produtividade e temos mercado para consumir também”, frisou o chefe do Executivo.
Desde o início de 2023, o Brasil abriu 105 novos mercados de exportação em 50 países. No ano passado foram 78 mercados e em 2024, até o momento, 27 acordos foram fechados. Maior parceiro comercial do Brasil, a China também é o maior comprador de carne brasileira do mundo, representando 53,3% do total exportado.
Em 2023 as exportações para o país asiático ultrapassaram a barreira dos US$ 104 bilhões. Esse é o maior valor exportado pelo Brasil para um só país na história. Lula afirmou que o embarque simboliza o “primeiro container de carne de qualidade para a China”. “Antes a China também era muito pobre e comprava só carne de terceira. Mas a carne que eles estão comprando agora é carne de qualidade, é aquela que a gente quer comer e gosta. E quanto mais qualidade a gente tiver, mais a gente vai exportar”, comentou o presidente.
A JBS anunciou que vai duplicar a capacidade de processamento e a força de trabalho de sua unidade em Campo Grande, o que vai torná-la a maior planta de carne bovina da América Latina. A companhia vai investir R$ 150 milhões para permitir que, daqui a um ano, o volume processado diariamente na fábrica passe de 2,2 mil para 4,4 mil animais, enquanto a quantidade de colaboradores vai saltar de 2,3 mil para 4,6 mil.
O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, destacou que as novas habilitações para China significam “um passo gigantesco para o agronegócio brasileiro”. “Significam crescimento, geração de emprego e renda. Para a indústria, para o campo, para as pessoas, para o comércio, para as cidades. Operamos em muitos países ao redor do mundo e nenhum deles é hoje tão atrativo quanto o Brasil para se investir no agronegócio”, afirmou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou a retomada brasileira das relações com grandes parceiros comerciais e explicou a importância de abrir novas possibilidades de mercado no exterior. “Abrir mercado é gerar oportunidade, é construir acordos com os países para que a gente possa comprar e vender bilateralmente. Isso gera empregos aqui dentro e alavanca a economia”, disse.
Oriente Médio
Segundo levantamento da consultoria Datagro, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), o Oriente Médio também está se tornando um importante destino dos produtos brasileiros. Na carne bovina, os Emirados Árabes Unidos passaram de sexto para o terceiro lugar entre os compradores no primeiro bimestre deste ano, com 7,2% do total, atrás da China e Estados Unidos (8,2%). Em números absolutos, o país comprou 26,1 mil toneladas de um total de 362,5 mil.
O levantamento da Datagro também mostra que, no caso da carne suína, Filipinas, Japão e Coreia do Sul mais do que dobraram suas importações na comparação entre os bimestres. As Filipinas passaram de quinto para segundo lugar no ranking de compradores, com 12,3% das 168,2 mil toneladas comercializadas, em meio a um surto de peste suína africana que restringiu a oferta local.
O país ficou apenas atrás da China, que perdeu quase 20 pontos percentuais na participação, de 46,8% do total em 2023 para 27,4% nos primeiros dois meses de 2024. As compras japonesas de produtos suínos brasileiros cresceram 136,4%, e o país passou para o sexto lugar, com 5,8% do total. A Coreia do Sul ocupou o oitavo lugar no ranking de compradores deste ano, com aumento de 238,2% nas compras.
Para a analista de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter, a ampliação das exportações deve trazer impactos significativos para a indústria brasileira. “Essa quantidade histórica de habilitações dos frigoríficos somada à recente decisão do governo chinês de não renovar a medida antidumping aplicada aos produtos de carne de frango do Brasil, certamente terá um impacto importante para a indústria. Medidas como essa são essenciais para o aumento da competitividade dos nossos produtos”, avaliou.
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