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Van escolar usada para transportar militantes aquece eleição do PT

O uso de vans escolares para transportar militantes intensificou a disputa pelo comando do diretório municipal do PT em São Paulo. No primeiro turno, realizado em 6 de julho, o vereador Hélio Rodrigues e o ex-deputado federal Francisco Chagas receberam respectivamente 48% e 46% dos votos, avançando para o segundo turno em 27 de julho.
Apoiadores de Francisco Chagas foram acusados de utilizar vans de cooperativas que possuem contratos com a prefeitura para transporte escolar, para levar militantes até os locais de votação em Guaianases, região da zona leste da capital e reduto do vereador Senival Moura.
As reclamações acerca de irregularidades na votação em Guaianases foram levadas ao diretório nacional do partido, porém a Comissão de Recursos do PT, responsável por avaliar as denúncias, rejeitou os pedidos.
Uma das vans, fotografada próxima ao local de votação no dia 6 de julho, pertence à Cooper Capital, uma cooperativa que firmou um contrato de R$ 569 mil com a prefeitura para transporte gratuito de estudantes.
A prefeitura informou que abrirá um processo administrativo por meio do Departamento de Transportes Públicos (DTP) e convocará os motoristas para prestar esclarecimentos. Segundo a prefeitura, veículos do programa de Transporte Escolar Gratuito (TEG) não estão autorizados a oferecer transporte fretado remunerado, exceto para estudantes inscritos no programa. Caso seja confirmada a irregularidade, poderão ser aplicadas sanções administrativas, incluindo multas.
Francisco Chagas declarou desconhecer o uso de vans contratadas pela prefeitura para o transporte de apoiadores. O vereador Senival Moura também afirmou que não tem conhecimento sobre o transporte de militantes, ressaltando que oferecer caronas para eleitores que moram em áreas distantes é uma prática comum, especialmente aos domingos, quando já ocorre a tarifa zero no transporte público. Ele explicou que as cooperativas que realizam transporte escolar durante a semana são livres para operar nos domingos, quando foi realizada a votação.
Eleições internas muito disputadas
Estas eleições do PT foram as maiores em 45 anos do partido, com 548.897 votantes, e se mostraram extremamente competitivas. A nível nacional, houve denúncias de filiações em massa e uso de jatinho para impulsionar campanhas. No plano nacional, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva tornou-se presidente do partido, enquanto o deputado federal Kiko Celeguim foi reeleito para o diretório estadual. No entanto, a disputa pelo comando do diretório municipal permanece indefinida.
Hélio Rodrigues tem o apoio do atual presidente do diretório paulistano, Laércio Ribeiro, do deputado estadual Antonio Donato e de Kiko Celeguim. Por outro lado, Francisco Chagas conta com o apoio do clã Tatto, uma família influente do PT paulistano representada na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa por membros como Jilmar Tatto, deputado federal e secretário nacional de Comunicação do partido.
Divisões internas no PT de São Paulo
A disputa evidenciou divisões antigas dentro da bancada do PT na Câmara Municipal. Hélio Rodrigues, junto a João Ananias e Luna Zarattini, compõe um grupo mais oposicionista ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). Em contraposição, estão Alessandro Guedes e Senival Moura. Este último nega alinhamento com o governo municipal, afirmando exercer uma oposição responsável e criticando colegas por falso moralismo.
De acordo com Senival Moura, a acusação relacionada ao uso irregular de vans decorre da incompetência dos adversários na organização de suas chapas eleitorais e filiação de novos membros.
Francisco Chagas classificou as alegações sobre seu grupo como infundadas e parte da disputa política pelo comando do PT em São Paulo. Ele comentou que, embora não acompanhe de perto a Câmara há algum tempo, sabe que nas últimas eleições todos os vereadores fizeram campanha de forma semelhante.

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