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Câmara de São Paulo cria grupo para investigar despesas do Jockey Club
A Câmara Municipal de São Paulo formou na tarde desta terça-feira (11/11) uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de examinar possíveis irregularidades fiscais e imobiliárias no Jockey Club. A comissão dedicará seus esforços para investigar a administração de débitos tributários, a alienação de potencial construtivo, além de avaliar se houve omissão por parte das autoridades públicas na questão.
Essa comissão só pôde ser instaurada depois de uma alteração interna, que anteriormente limitava o número de CPIs em vigor simultaneamente a cinco. Essa mudança ocorreu pouco tempo após o ex-presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), registrar uma queixa-crime contra advogados do Jockey Club por racismo.
Segundo nota da Câmara, a CPI passou a ser impulsionada por denúncias recentes contra o Jockey Club, suspeito de usar de modo irregular recursos públicos de origem municipal e federal destinados à restauração do patrimônio histórico. O clube também enfrenta cobranças relativas a cerca de R$ 1 bilhão em débitos tributários municipais, incluindo o IPTU.
O vereador Gilberto Nascimento Jr (PL), responsável pelo pedido da CPI, destacou: “É essencial investigar possíveis desvios de finalidade ou uso inadequado dos recursos, a gestão das dívidas tributárias e eventuais passivos trabalhistas, além da efetividade da fiscalização municipal e das ações administrativas cabíveis”.
Composição da CPI
- Presidente: Gilberto Nascimento (PL)
- Vice-presidente: Sansão Pereira (Republicanos)
- Relator: Carlos Bezerra Jr. (PSD)
- Integrantes: Dheison Silva (PT), Eliseu Gabriel (PSB), Kenji Ito (Podemos), Luana Alves (PSol), Roberto Tripoli (PV) e Silvinho Leite (União)
Com a nova regra, a CPI do Jockey poderá atuar simultaneamente com outras comissões dedicadas a temas como Metanol, Jardim Pantanal, Pancadões, Íris e Habitação de Interesse Social.
Acusação de Racismo contra Ex-Vereador
O ex-presidente da Câmara, Milton Leite, que ainda mantém grande influência, anunciou intenção de processar advogados do Jockey Club após receber uma ofensa racista no documento de recuperação judicial do clube, onde foi chamado de “antropoide desvairado”.
No documento datado de março de 2025, o Jockey questiona ações empreendidas por Leite e pela Prefeitura de São Paulo contra a manutenção da entidade, e seus advogados alegam que o clube foi alvo de “terrorismo estatal” e de tentativas de ocupação forçada do hipódromo. A ofensa mencionada foi: “proprietários de cavalos, retirem suas montarias, pois poderão ser detidos”.
A palavra “antropoide” se refere a uma criatura com forma semelhante à humana, especialmente primatas como chimpanzés, gorilas e orangotangos.
Milton Leite declarou que, após debater sobre os fundamentos da ação judicial, reconsiderou a forma como foi citado. Além de optar pela ação criminal por racismo, ele pretende formalizar uma representação junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra os advogados envolvidos.
“Como homem negro que dedicou sua vida a combater a discriminação, e que, na presidência da Câmara Municipal de São Paulo, cassou um vereador por racismo pela primeira vez na história, nunca me calarei frente a crimes e absurdos dessa natureza”, afirmou. “Lamento que, na tentativa de defender seu cliente, tais advogados tenham ultrapassado os limites da ética, do respeito e da legalidade”, concluiu.

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