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Servidor do INSS pediu dinheiro à Conafer: “Esqueceu de mim, mestre?”

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Um dos alvos da Polícia Federal (PF) na nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em aposentadorias e pensões no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é o servidor Rogério Soares de Souza. Ele teria solicitado propina de operadores da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), organização que desviou R$ 640,9 milhões do INSS.

Mensagens extraídas do celular de Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como operador financeiro da Conafer, revelam Rogério cobrando pagamentos que seriam destinados a pessoas e empresas indicadas pelo servidor. Em setembro de 2023, ele manifestou incômodo pelo atraso dos valores: “Esqueceu de mim, mestre?”.

A Polícia Federal identificou um pagamento de R$ 40 mil feito logo após esse diálogo para Waldemir Miranda Neto, indicado pelo próprio Rogério em conversas pelo WhatsApp.

De acordo com a decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação da PF, essa conversa comprova a participação consciente e ativa de Rogério no esquema de corrupção passiva. Ao todo, foram detectadas 11 transferências, somando R$ 450 mil, para contas de terceiros, usadas para ocultar a origem ilegal dos valores.

Rogério é considerado o braço direito de André Fidélis, ex-diretor de Benefícios do INSS, responsável por 14 acordos de cooperação técnica que permitiram descontos indevidos em benefícios. Nenhum outro diretor autorizou tantas entidades para esses descontos.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Rogério ocupou cargos de diretoria no INSS nos mandatos de Leonardo Rolim e José Carlos Oliveira. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi superintendente regional do Nordeste até fevereiro de 2024, cargo anteriormente ocupado por Fidélis.

Desde então, Rogério é técnico do Seguro Social, mas ainda participava de reuniões importantes em Brasília. Ele realizou 210 viagens a serviço, conforme dados do Portal da Transparência.

Na transição entre os governos Bolsonaro e Lula, Rogério participou de reunião no Ministério da Previdência com o atual ministro Wolney Queiroz (PDT), o ex-procurador do INSS Virgílio Oliveira Filho, o lobista Antônio Carlos Camilo (conhecido como “Careca do INSS”), e Fidélis. Todos receberam mandados de prisão recentemente.

Além deles, outros servidores e ex-diretores que atuaram com o ex-prefeito de Caruaru (PE), José Queiroz, pai do ministro Wolney Queiroz, também participaram desse encontro.

A reportagem tentou contato com a defesa de Rogério Soares de Souza, e o espaço permanece aberto para manifestações.

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