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Economia

México vai aumentar tarifas e afeta exportações brasileiras

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A proposta do governo mexicano de elevar tarifas de importação sobre 983 produtos de 19 setores pode prejudicar significativamente as exportações brasileiras. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), enviado ao governo, indica que essa medida deve impactar 232 produtos brasileiros, totalizando US$ 1,7 bilhão em exportações em 2024, o que representa 14,7% dos US$ 11,7 bilhões vendidos ao México no ano.

Segundo o levantamento, 67,6% do valor afetado corresponde a bens intermediários utilizados pela indústria mexicana. O aumento das tarifas nesses insumos pode elevar os custos industriais no México e diminuir a competitividade dos produtos brasileiros nos setores de veículos automotores, químicos, metalurgia, borracha e plásticos.

O Brasil é o quinto país mais afetado pelo pacote tarifário, atrás da China (US$ 34,2 bilhões), Coreia do Sul (US$ 5,8 bilhões), Índia (US$ 3,1 bilhões) e Tailândia (US$ 1,8 bilhão). A Indonésia e Taiwan também devem sofrer impactos semelhantes. Esses países não possuem acordos tarifários que os protejam da nova tarifa.

Países como Estados Unidos, União Europeia, Japão, Canadá e Vietnã estão isentos, pois possuem acordos de livre comércio com o México.

A medida faz parte da nova política industrial da presidente Claudia Sheinbaum, chamada Programa de Protección para las Industrias Estratégicas, e ainda está em análise no Congresso mexicano. Caso seja aprovada, pode afetar US$ 52 bilhões em importações do México, elevando a tarifa média de 16,1% para 33,8%, chegando a 50% em determinados produtos. A Secretaria de Economia do México afirma que a proposta respeita os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), sem alterar os acordos comerciais vigentes. No entanto, a elevação das tarifas deve aumentar os custos para setores industriais brasileiros que fornecem ao mercado mexicano.

A fragilidade dos acordos comerciais entre os dois países aumenta o risco para a indústria brasileira. O Acordo de Complementação Econômica (ACE) 55, que regula o setor automotivo, oferece preferência tarifária para 59,8% do valor afetado, cerca de US$ 1,0 bilhão, mas esta cobertura é limitada a veículos e itens associados, como partes de borracha, plásticos e máquinas.

Atualmente, Brasil e México negociam a modernização desses acordos. Em agosto, Claudia Sheinbaum e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, assinaram um plano para atualizar os pactos comerciais até 2026.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) acompanha as negociações e ressaltou que, embora a medida não seja direcionada especificamente ao Brasil, o impacto potencial preocupa. Recentemente, o MDIC reforçou a necessidade de fortalecer os vínculos comerciais e evitar medidas que prejudiquem a relação bilateral, mantendo diálogo construtivo com o governo mexicano.

A CNI destacou que o aumento tarifário contrasta com o momento de cooperação entre os países e reforça a urgência de acelerar as negociações comerciais. Um acordo amplificado poderia adicionar US$ 13,8 bilhões ao PIB conjunto, aumentar o comércio bilateral em US$ 3,2 bilhões e atrair US$ 8 bilhões em investimentos.

Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, ressaltou que o tarifaço atinge um segmento pequeno, mas estratégico para a indústria brasileira, podendo atrasar avanços comerciais em um momento importante para diversificação de mercados.

Constanza Negri também ressaltou que o México sempre foi um parceiro relevante para a indústria brasileira e que a modernização dos acordos comerciais representava progresso, mas a nova proposta ameaça esse avanço.

Quanto à tramitação no Congresso mexicano, o setor privado brasileiro está atento. O estudo da CNI foi enviado ao governo para alertar os impactos e propor que o Brasil não seja penalizado durante as negociações de atualização comercial.

A CNI defende acelerar a revisão das condições comerciais e iniciar negociações setoriais que evitem prejuízos imediatos, buscando tratamento preferencial para o Brasil com base na normativa mexicana.

Constanza Negri finalizou afirmando que, apesar das preocupações, há expectativas positivas e que o Brasil tem argumentos para ser preservado dos impactos, considerando que a medida está ligada à política industrial do México.

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