Senadores do Centrão e oposição sinalizam apoio a Messias no Senado

Apesar da resistência manifestada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), chefes de partidos do Centrão e da oposição acreditam que integrantes dessas legendas votarão a favor da nomeação do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) para o Supremo Tribunal Federal (STF).

A indicação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou um atrito com Alcolumbre, que defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está prevista para o dia 10, deixando pouco tempo para Messias se articular e obter pelo menos 41 votos no plenário do Senado para aprovação.

Diante desse contexto, o advogado-geral da União tem buscado apoio. Fontes partidárias consultadas indicam que o fato da votação ser secreta, evitando repercussões negativas entre eleitores contrários a Lula, e sua boa relação com o segmento evangélico podem garantir ao menos dez votos em bancadas mais distantes do governo.

Espera-se votos favoráveis a Messias até no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, houve um contratempo com o cancelamento do almoço previsto com senadores do PL e do Novo.

Segundo líderes políticos, Messias pode obter até dois votos do União Brasil, que conta com cinco senadores. Mesmo com o rompimento com o governo, o partido possui parlamentares próximos à base, como Dorinha Seabra (TO) e Jayme Campos (MT).

No PL, estima-se que até três dos 15 senadores possam apoiar a indicação, incluindo nomes afastados das pautas tradicionais do partido, como Romário (RJ). A senadora Eudócia Chagas (PL-AL) também mantém boa interlocução com o governo.

No Republicanos, apesar do apoio formal do presidente da legenda, deputado Marcos Pereira (SP), há resistência da ala bolsonarista. Setores ligados à igreja evangélica apoiam Messias, com membros como Damares Alves (DF) e Hamilton Mourão (RS) liderando a oposição interna. O partido pode ter até dois votos a favor, como o já declarado pelo senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR). No PP, há possibilidade de até três votos favoráveis entre os sete senadores.

Tensão com o presidente do Senado

Davi Alcolumbre defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco para o STF e se mostrou descontente com a escolha de Messias. Aliados indicam que a articulação convencional do governo pode não ser suficiente para garantir votos, sendo necessária a intervenção direta do presidente Lula para dialogar com senadores e com o próprio Alcolumbre. Na segunda-feira, o presidente do Senado almoçou com o relator da indicação, senador Weverton Rocha.

Alcolumbre também criticou tentativas do governo de associar a dificuldade de apoio à negociação de cargos públicos, em nota oficial, considerando as insinuações ofensivas ao Poder Legislativo. A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, afirmou nas redes sociais o respeito do governo ao presidente do Senado e ressaltou esforços para amenizar a crise com líderes do Congresso.

O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), comentou que a sabatina pode ser adiada pela demora no envio da indicação oficial ao Congresso.

Articulação e apoio parlamentar

O senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator do processo, comprometeu-se a atuar como facilitador entre Messias e os senadores. Está previsto que Messias informe até domingo com quais parlamentares já dialogou. Weverton planeja visitar colegas pessoalmente para ampliar apoio e afirmou que não recebeu instruções contrárias do presidente do Senado.

O senador recomendou que Messias não espere votação após o dia 10, pois um adiamento poderia agravar a tensão com o Congresso e prejudicar as chances de aprovação, especialmente por ser ano eleitoral.

Weverton Rocha declarou: “Sou aliado direto do presidente Lula. Se ele indica, apoio automaticamente. Messias tem todos os requisitos para o cargo e não há resistência por parte do presidente do Senado a respeito do meu relatório. Trabalharemos para facilitar um encontro entre eles.”