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Delatores da Lava Jato: veja o que disseram antes e depois de acordos
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A Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, contava até agosto com 28 acordos de delação premiada. São acusados que decidiram colaborar com as investigações em troca do abrandamento de suas penas pelos crimes que passaram a assumir ter cometido. Alguns dos nomes permanecem sob sigilo.
Parte dos delatores chegou a negar participação no esquema antes de assinar os acordos. Em alguns casos, mudaram de defensor. Em outros, houve ataques à parcialidade do juiz e às provas do processo.
Os novos depoimentos lançam suspeitas sobre políticos, empresários e funcionários da estatal e têm sido um dos principais meios de obter provas utilizado pelas autoridades na Lava Jato (Entenda os tipos de delação premiada). Mas a colaboração, por si só, não serve para condenar. É preciso ter provas para haver condenações na Justiça
Veja a seguir o que disseram os colaboradores da Lava Jato antes e depois dos acordos:
Paulo Roberto Costa
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
– Em dezenas de depoimentos, delatou a existência de um esquema de propinasenvolvendo empreiteiras, políticos e diretorias da Petrobras que passou a funcionar em 2004, beneficiando três partidos: PT, PMDB e PP, e movimentando R$ 10 bilhões. Disse que recebeu R$ 1,5 milhão de propina na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos EUA. Emacareação na CPI da Petrobras, voltou a afirmar o que havia dito na delação.
Antes da delação: disse que a Petrobras não era casa de negócios.
– Em troca da delação, comprometeu-se a devolver US$ 25,8 milhões que mantinha na Suíça e nas Ilhas Cayman, pagar multa de R$ 5 milhões e pôde cumprir prisão domiciliar.
Alberto Youssef
Doleiro e operador financeiro do esquema
– Prestou cem horas de depoimentos em que assume o esquema e implica empresas e políticos. Apontado como chefe do esquema, disse que arrecadou R$ 180 milhões em propina. Em acareação na CPI da Petrobras, disse que outro delator vai revelar quem pediu dinheiro para acampanha petista na eleição presidencial de 2010.
Antes da delação: O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, Kakay, chegou aquestionar provas do caso e parcialidade do juiz. Deixou a defesa após a delação.
– O acordo prevê que Youssef transfira para a União uma série de bens, entre imóveis, veículos e participações em empresas. Ele deve ficar, no máximo, cinco anos preso, com progressão diretamente para o regime aberto, sem passar pelo semiaberto.
Familiares de Paulo Roberto Costa
Marici da Silva Azevedo Costa (mulher), Arianna Azevedo Costa Bachmann (filha), Shanni Azevedo Costa Bachmann (filha), Marcio Lewkowicz (genro) e Humberto Sampaio de Mesquita (genro)
– Segundo o MPF, durante o cumprimento das buscas realizadas pela Polícia Federal no início das investigações, Paulo Roberto Costa ordenou que os familiares fossem ao escritório da Costa Global Consultoria, no Rio de Janeiro, e retirassem materiais que poderiam provar seus crimes.
Antes da delação: eles foram flagrados por câmeras de segurança e viraram réus em ação penal. Defesa alegou que estavam retirando pertences próprios no prédio.
– Resolveram colaborar com a Justiça, confirmando parte das denúncias de Costa, em troca da redução das penas.
Julio Camargo
Executivo da Toyo Setal e operador financeiro
– Disse que as empresas com contratos com a Petrobras faziam parte de um “clube” de empreiteiras, combinando preços para superfaturar obras e serviços. Ele disse que essa era a “regra do jogo” e que as propinas chegaram a R$ 154 milhões, representando 3% dos contratos, beneficiando operadores do PT e PMDB. Eram eles: o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo de alto escalão, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador da cota do PMDB no esquema de corrupção que tinha tentáculos na petroleira. Também afirmou ter repassado R$ 4 milhões ao ex-ministro José Dirceu e US$ 5 milhões ao presidente da Câmara,Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Antes da delação: disse que as delações de Youssef eram “temerárias”.
– Em troca, espera redução em sua pena.
Augusto Mendonça
Executivo da Toyo Setal
– Relatou aos procuradores da República que, no período de 2008 e 2011, pagou entreR$ 50 milhões e R$ 60 milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que também foi preso pela PF. Os valores teriam sido pagos em espécie no Brasil e por meio de contas bancárias na Suíça e no Uruguai. O delator disse ao Ministério Público que Renato Duque exigia que o suborno do “clube” fosse pago a ele. Segundo ele, as empresas escolhiam as obras mais adequadas e as demais não atrapalhavam, numa espécie de “campeonato”, indícios da existência de um cartel.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– Em troca, espera redução em sua pena.
Pedro Barusco
Ex-gerente-executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras
– Disse que passou a receber propina a partir de 1997 e 1998, como uma iniciativa pessoal, mas que participou do esquema de uma forma institucionalizada de 2003 em diante, totalizando US$ 50 milhões. Segundo ele, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, era um dos “protagonistas” no acerto das propinas e que o partido recebeu entre US$ 150 e US$ 200 milhões. Disse ainda que houve propinas em 90 contratos nos governos Lula e Dilma e que cada diretoria da Petrobras recebia um percentual.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– Espera redução de pena pela colaboração.
Ricardo Pessoa
Dono da empreiteira UTC
– Apontado pelas investigações como o chefe do clube de empreiteiras que fraudava negócios com a Petrobras, forneceu umaextensa lista de nomes de políticos que podem ter recebido doações de campanha de dinheiro ilícito. Uma dessas doações foi de R$ 2,4 milhões, para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Mas o delator afirmou não saber se Lula sabia da origem ilegal dos valores. Também disse que encaminhou R$ 16,6 milhões ao PT a pedido do ex-tesoureiro João Vaccari Neto e fez repasses ao PP a pedido de Paulo Roberto Costa. Pessoa afirmou ainda que repassou R$ 7,5 milhões para a campanha de reeleição da presidente Dilma Roussef. Os mencionados disseram que só houve doações legais.
Antes da delação: sua defesa alegou que as acusações eram meras suposições.
– Aguarda redução de pena pela colaboração.
Rafael Angulo Lopez
Funcionário de Youssef
– O braço direito do doleiro Alberto Youssef afirmou que cada “delivery” de propina a políticos ligados ao PP chegou a até R$ 200 mil. O entregador de Youssef contou que, no começo de 2008, passou a participar de almoços com políticos em razão do papel que iria exercer: o repasse da propina. Segundo ele, a partir de então, começou a ver políticos no escritório do doleiro. Entre eles, estariam os ex-deputados do PP Pedro Corrêa (PE), Mário Negromonte (atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia) e João Pizzolatti (SC), além do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). Os políticos negam envolvimento no esquema de corrupção.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– Espera redução de pena pela colaboração.
Shinko Nakandakari
Operador da Galvão Engenharia
– O engenheiro civil afirmou que a “iniciativa de oferecer vantagens indevidas” partia “sempre” da empresa, e não dos diretores da Petrobras, e que, entre 2008 e 2010, a Galvão Engenharia pagou R$ 3 milhões em propina para a aprovação de aditivos contratuais. Desse valor, R$ 900 mil ficaram com ele, e o restante (R$ 2,1 milhões) foram repassados a Duque e a Barusco. Segundo o delator, o dinheiro era originário de caixa 2 da empresa e ele emitia notas fiscais em nome da empreiteira.
Antes da delação: negou ter cobrado propina de empreiteiras.
– Espera redução de pena pela colaboração.
Filhos de Shinko Nakandakari
Luis Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari
– A defesa de Erton Fonseca, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção, enviou à Polícia Federalcomprovantes de pagamentos de R$ 8.863.000 depositados nas contas de Luis Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari, sócios da empresa LFSN Consultoria, da qual Shinko é sócio majoritário. O documento mostra que a empreiteira efetuou 20 transferências entre 8 de janeiro de 2010 e 25 de junho de 2014, segundo o executivo, para evitar retaliações aos contratos da Galvão.
Antes da delação: A defesa do pai, sócio majoritário da empresa que teria usado contas em nome dos filhos, negou o pagamento de propinas.
– Como sócios do pai, os filhos de Nakandakari também assinaram o acordo em troca de redução de penas e terão que pagar uma multa.
Luccas Pace Júnior
Operador de câmbio da doleira Nelma Kodama
– Delatou um esquema envolvendo adoleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, acusada de atuar em parceira com Alberto Youssef no esquema de lavagem de dinheiro, e que foi condenada a 18 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pela prática de 91 crimes de evasão de divisas. Pace também foi condenado por evasão de divisas, por operar instituição financeira irregular e pertinência a organização criminosa.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– A pena total, de quatro anos anos, dois meses e 15 dias de reclusão, foi reduzida à metade.
Eduardo Hermelino Leite
Ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
– Afirmou que “era fácil” inserir o valor das propinas pagas a diretores da Petrobras nos contratos e que a estatal aceitava variação de até 20% a mais no valor previsto para a realização das obras. Desta forma, o 1% que era destinado à propina se tornava “insignificante”. Segundo Leite, a Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propinas para abastecer o esquema de corrupção. Do total, R$ 63 milhões foram destinados para a área de Serviços da Petrobras, comandada à época por Renato Duque e Pedro Barusco, e outros R$ 47 milhões foram para a Diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa.
Antes da delação: o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou que o cliente não teve envolvimento nenhum com pagamento de propina e que seu único papel na Camargo Corrêa era o de “representação na execução de alguns contratos”, apenas cumprindo “ordens superiores”.
– Espera redução da pena pela colaboração.
Dalton Avancini
Ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa
– Disse que o cartel formado pelas empreiteiras para dividir a execução de obras da Petrobras era encabeçado por seis empresas, em grupo conhecido como”G6”. Também chamado de “clube”, era formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, empresas líderes no mercado, e que, por isso, recebiam as maiores partes na divisão das obras da estatal. Conforme a delação, empresas menores também eram convidadas a participar das reuniões em casos pontuais.
Antes da delação: o advogado Celso Vilardi disse que colaboradores até aquele momento não confirmavam a denúncia.
– Espera redução da pena pela colaboração.
Milton Pascowitch
Operador da Engevix
– O empresário relatou ao Ministério Público Federal que pagou, com dinheiro de propina repassada por fornecedores da Petrobras, areforma da casa do ex-ministro José Dirceu no município de Vinhedo, no interior de São Paulo. A obra, conforme o lobista, custou R$ 1,3 milhão, e que bancou a compra de um imóvel de R$ 500 mil para uma das filhas do ex-ministro, além de ter pago faturas de táxi aéreo. O dinheiro para a reforma teria saído de propina de contratos da obra de Cacimbas II, uma das investigadas pela Lava Jato. Também disse ter entregue R$ 10 milhões ao PT em 2010.
Antes da delação: a Ecovix, empresa para quem o empresário prestava serviços, informou que ele prestava serviços havia 17 anos ao grupo.
– Comprometeu-se a devolver R$ 40 milhões e deve ficar um ano em prisão domiciliar.
José Adolfo Pascowitch
Irmão de Milton Pascowitch e operador da Engevix
– O nome do lobista surgiu na 17ª fase da Lava Jato e, segundo o MPF, ele era operador da diretoria de Serviços da Petrobras, ocupada por Renato Duque. Junto do irmão, a propina era operacionalizada por meio da empresa Jamp Engenheiros Ltda, com substrato de contratos de serviços de ‘consultoria’ e ‘assessoria’ simulados. Cada irmão era dono de 50% da empresa.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– Comprometeu-se a devolver R$ 20 milhões e deve prestar dois anos de serviços à comunidade.
Mario Góes
Operador financeiro
– O empresário reconheceu que usou sua empresa RioMarine para forjar contratos fictícios com empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras. Segundo ele, esses contratos serviam para operacionalizar o pagamento de propina à Diretoria de Serviços da estatal. O empresário também afirmou ter recebido dinheiro em espécie da construtora UTC, cujo dono, Ricardo Pessoa, também foi preso. O dinheiro seria repassado ao então gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, que confirmou a acusação.
Antes da delação: a defesa afirmou que Goes não era operador do esquema e que não tinha nada a ver com Pedro Barusco.
– A delação prevê multa de R$ 38 milhões e ele só poderá ser condenado a no máximo 15 anos de reclusão.
Julio Faerman
Ex-representante da SBM Offshore
– A empresa holandesa admitiu ter pago propina a funcionários da estatal brasileira em troca de contratos de aluguel de plataformas de petróleo. Comprometeu-se a devolver US$ 54 milhões. O empresário chegou a comparecer à CPI da Petrobras, mas obteve o direito de permanecer calado. Ele afirmou que só iria se pronunciar após a homologação de sua delação premiada, o que ocorreu em 5 de agosto.
Antes da delação: não há declaração anterior.
– Os termos do acordo não foram divulgados.
Operador das contas de Alberto Youssef no exterior e esposa
– Suposto “laranja” de Youssef, foi preso na 7ª fase da Lava Jato e foi apontado como operador das contas de Alberto Youssef no exterior, incluindo uma com US$ 5 milhões na Suíça, em nome do doleiro. Em fevereiro, teve sua prisão revogada depois que sua defesa se comprometeu a encerrar as contas bancárias no exterior.
Antes da delação: acordo não foi homologado.
– Seu nome e o de sua mulher aparecem na lista de delatores do MPF do Paraná, mas com a informação de que suas delações ainda precisam ser homologadas.
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