Segundo especialista, implantação deveria ter sido feita há mais tempo. Governo argumenta que o sistema de cartão é satisfatório
“Temos que sair da estação e esperar no ponto, na beira da via. Não há nem proteção, em caso de chuvas. Sem contar que a demora é grande. Gasto, em média, 20 minutos aguardando transporte” Reginaldo Nunes, auxiliar administrativo
A concepção do Bus Rapid Transport (BRT) leva em consideração o conforto dos usuários — com ar-condicionado em ônibus articulados —, utilização de faixas exclusivas e possibilidade de linhas diretas. Mas também deve contemplar a integração do sistema de transporte público como um todo. No Distrito Federal, o Expresso DF Sul não é eficaz nesse ponto. Os passageiros reclamam da demora entre as linhas e da falta de estrutura necessária para abrigá-los. Especialistas apontam que a lógica de interligação dos coletivos necessita de reforços, com a união mais intensa de ônibus convencionais e metrô.
A integração em Brasília funciona da seguinte forma (com o uso do cartão eletrônico): os terminais do Expresso DF Sul em Santa Maria e Gama recebem os usuários levados por seis linhas alimentadoras em cada região. Inicialmente, o passageiro paga R$ 2,25. Para pegar o coletivo articulado do BRT, é preciso validar R$ 1,75 na roleta. Há a opção de seguir até a Rodoviária do Plano Piloto ou a Estação Park Way. Nas duas paradas, a pessoa pode subir em um ônibus convencional até o destino final. A tarifação nesse último é zerada, totalizando o valor do transporte em R$ 4.
Mesmo com a dinâmica exercida em Brasília, Flávio Dias, mestre em transporte da Universidade de Brasília (UnB), alega que a integração na capital do país ainda não funciona de forma satisfatória. “O ideal seria que todo o transporte fosse interligado de maneira inteligente. Possibilitar que alguém saia de Ceilândia, por exemplo, pegue o metrô, o BRT e o ônibus articulado para chegar até a localidade onde quer. Ele teria a ligação entre os modais e a redução do custo e do tempo de transporte”, simplifica. Para Dias, o sistema integrado caminha a passos lentos no DF. “Era para ter sido implantado em sua totalidade antes mesmo de o Expresso DF ficar pronto. A população estaria acostumada a usar todos os modais”, diz.
Funcionamento
A Secretaria de Mobilidade afirma que o sistema funciona de maneira satisfatória. “Hoje, quem pega o Expresso DF consegue fazer integrações com outros meios de transporte, como o metrô. Tudo isso está interligado com o uso do cartão. Ao longo dos trechos, o passageiro pode pegar qualquer linha de ônibus. No Eixão Sul, ele ainda pode embarcar em uma estação do metrô”, destaca o secretário da órgão, Marcos Dantas. Segundo ele, além do sistema alimentador nos terminais, as estações Caub e Periquito contam com ônibus alimentadores.
Entretanto, na estação Park Way, onde muitos passageiros fazem a integração com outras linhas convencionais, na visão de Flávio Dias, ocorre uma falha. Ao desembarcar do Expresso DF, o passageiro precisa se direcionar para as paradas de ônibus à beira da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). Não há abrigo, em caso de chuva ou sol excessivo. “A integração não pode ser feita dessa maneira. O ideal é que o cidadão nem saísse da estação, até para ter garantia de segurança. É indispensável que a estrutura seja refeita”, explica Dias.
Demora
O auxiliar administrativo Reginaldo Nunes, 40 anos, é um dos que usam o Expresso DF e precisa pegar outros coletivos para se locomover. Perto de casa, na Vila DVO, no Gama, ele pega uma linha alimentadora que segue até o terminal do BRT na cidade. O destino final é o Lago Sul. Para isso, ele precisa descer no Park Way e pegar outro ônibus até a localidade. Nunes reclama da demora na espera e das condições de integração do sistema e a estrutura. “Temos que sair da estação e esperar no ponto, na beira da via. Não há nem proteção em caso de chuvas. Sem contar que a demora é grande. Gasto, em média, 20 minutos aguardando transporte”, reclama.
De acordo com o projeto original do Expresso DF Sul, o ponto do Park Way deveria abrigar um terminal de integração. A Secretaria de Mobilidade garante que estuda adaptações futuras na localidade, justamente para evitar que o usuário saia do local para pegar outro ônibus. “Vamos atualizar o projeto de acordo com as demandas atuais da população”, garantiu o secretário adjunto de Mobilidade, Fábio Ney Damasceno, sem detalhar um prazo determinado para entrega do novo projeto do terminal e custos estimados.
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