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Aplicar silicone industrial pode causar embolia e levar à morte, alerta médico

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Bruno Carrara fez aplicação no glúteo e morreu em São Carlos, SP. Jovem de 24 anos teve insuficiência respiratória e renal na quarta (6).

Jovem foi enterrado durante a manhã desta quinta-feira em São Carlos (Foto: Arquivo Pessoal)

Jovem foi enterrado durante a manhã desta quinta-feira em São Carlos (Foto: Arquivo Pessoal)

Aplicar silicone industrial no glúteo pode causar embolia renal e pulmonar e levar à morte, alerta o médico Márcio Augusto Ferreira, cirurgião plástico da Unimed de São Carlos (SP). Na quarta-feira (6), um jovem 24 anos morreu após realizar o procedimento. Bruno Carrara passou mal e foi levado para a Santa Casa, onde foi a óbito por insuficiência respiratória e renal.

A Polícia Civil investiga o caso. O tipo de silicone utilizado e o responsável pela aplicação ainda são desconhecidos. Segundo o médico , geralmente usa-se nesse tipo de procedimento clandestino o silicone industrial que, injetado no corpo, se infiltra nos tecidos. “Se a pessoa que for que for aplicar injetar essa substância na veia, ela pode entupir e causar uma embolia”, explicou Ferreira.

A substância não é para uso humano. Como o silicone fica no tecido, não se fixa, pode
infiltrar nos tecidos vizinhos, infiltrar na pele e necrosar”
Márcio Augusto Ferreira, cirurgião plástico

Perigo
No caso de São Carlos, o rapaz que morreu contou ao companheiro, Thiago Donizetti, de 28 anos, que havia colocado entre 2 e 3 litros de silicone, mas não especificou se o implante havia sido feito em casa e por quem. Para o especialista da Unimed, a quantidade de silicone injetada é fatal.

“Mesmo que não mate na hora, vai dar problemas mais para frente. A substância não é para uso humano. Como o silicone fica no tecido, não se fixa, pode infiltrar nos tecidos vizinhos, infiltrar na pele e necrosar. E é impossível retirar porque os tecidos ficam com micropartículas da substância”, explicou.

Profissional capacitado
O cirurgião plástico ressaltou a importância de procurar um profissional capacitado e evitar riscos. “Quando se faz um procedimento como esse, não se tem a segurança de que o produto utilizado é feito para uso humano e não existe a segurança de que a pessoa que vai realizar a aplicação está habilitada para tal”.

O cirurgião plástico Márcio Augusto Ferreira (Foto: Arquivo Pessoal)

O cirurgião plástico Márcio Augusto Ferreira (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o médico de São Carlos, o primeiro passo para quem deseja se submeter a qualquer procedimento estético é consultar um especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). “Ele vai ter condições de indicar o melhor preparo, os exames e até a escolha de um hospital equipado para realizar tudo com segurança. Não se deve fazer nada que não seja com um médico”, ressaltou Ferreira.

Aumento das nádegas
O cirurgião explicou que existem dois procedimentos para quem deseja aumentar as nádegas. Um deles é o uso da prótese de silicone. De acordo com o especialista, o material é feito com gel e, em caso de a prótese se romper, o produto não infiltra nos tecidos. A outra maneira indicada é a injeção de gordura retirada da própria pessoa. Um implante feito corretamente custa em média R$ 10 mil.

A SBCP informou que há no país ao menos 12 mil médicos que realizam o procedimento sem serem especialistas. Por conta disso, ao menos cinco pessoas morreram nos últimos seis meses, segundo o presidente da entidade, Luciano Chaves.

A prótese usada no glúteo é mais resistente que a de mama (Foto: Silimed/Divulgação)

A prótese usada no glúteo é mais resistente que a de mama (Foto: Silimed/Divulgação)

“Nós chegamos a um ponto em que a SBCP toma uma posição firme em defesa da especialidade. Não estamos preocupados com reserva de mercado, mas com a segurança do paciente. Queremos que eles se submetam à cirurgia plástica e estética com médico capacitado. Esse é o princípio”, afirmou.

Enterro
Carrara foi velado durante a madrugada e sepultado na manhã de quinta-feira (7). Em entrevista , o companheiro dele contou que ainda não sabe como tudo aconteceu. “Quando eu cheguei em casa, ele me mostrou e falou que tinha colocado o silicone, não me disse como e quem fez”, relatou.

De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, a vítima deu entrada na unidade às 5h01 de quarta-feira (6) com insuficiência respiratória e faleceu às 6h40. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) deve apontar as causas da morte e o tipo de produto que foi utilizado no procedimento.

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