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Obra de escola abandonada em SP tem ‘quarto de casal’ e restos de droga

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Prédio que abrigaria escola estadual na Zona Leste foi vandalizado. Secretaria diz que construção parou por lentidão de construtora.

Na Rua Coração Selvagem, bairro Cidade A. E. Carvalho, Zona Leste de São Paulo, selvagem mesmo é só o interior de um prédio abandonado que abrigaria uma escola estadual. Cacos de vidro, lixo, fezes e até resíduos do uso de drogas ocupam o local que deveria ser de lousas, cadeiras, alunos e professores.

A escola foi erguida para receber os alunos que atualmente estudam na Escola Estadual Cohab Águia de Haia I, que fica ao lado, e abriga salas com paredes metálicas, chamada por pais e alunos de “escola de lata”.

A construção do novo prédio parou há dois anos, segundo os moradores. Em nota, a Secretaria de Estado da Educação diz que o contrato com a empresa responsável pela construção foi rescindindo “por conta da lentidão da empresa para tocar as obras”. “O processo para contratação de uma nova empresa está em andamento. A Diretoria de Ensino Leste 1 registrou boletins de ocorrência contra os casos de depredação.”

Entrada de prédio abandonado na Zona Leste tem pilha de lixo no lugar de portão (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Com o abandono da construção, que estava quase concluída, ladrões entraram na escola e levaram fios, torneiras, tomadas. Nos furtos, portas foram arrombadas e destruídas. O local também foi todo pichado, por fora e por dentro.

A escadaria do prédio tem até manchas de sangue. No lugar de um portão, uma pilha de lixo. Não há cadeado ou algum tipo de proteção. No térreo, um cômodo chega a ter uma cama de casal com um rack. Na gaveta do móvel, um preservativo. Ao lado da cama, garrafas vazias.

“De noite é cheio de ‘noia’. Já ouvi até tiro”, disse o carroceiro Antônio Alves Freitas, que trabalha na região. Moradora da rua, Alzira Pereira, de 67 anos, conta que uma vizinha chegou a investir em uma venda de doces na porta de casa, à espera dos alunos que ainda não vieram. “Gastaram um dinheirão e ficou assim. Picharam tudo, roubaram fio”, disse.

Cômodo no térreo tem até cama de casal e rack (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Segundo policiais do 62º DP, em Cidade A. E. Carvalho, a área da delegacia é grande e problemática em toda sua extensão, mas, especificamente rua onde fica a escola abandonada, não há registro de ocorrências nos últimos três anos.

Moradora da rua há 26 anos, a aposentada Maria Calvo Colella tem medo que o prédio seja invadido. “Quero ver a escola funcionando para minhas bisnetas, porque para minhas netas não dá mais tempo.”

Pais e alunos esperam que a escola invadida seja finalizada o quanto antes para deixar a escola com salas de paredes metálicas. Alunos reclamam que fica muito frio no inverno e muito quente no verão. “Seria bem melhor ter mais espaço. E não vai ser tão quente como aqui, pela questão do forro”, diz dona de casa Elisângela de Souza tem um filho de 10 anos na escola vizinha.

Local tem pinos de cocaína no chão (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Sobre esta escola, a pasta afirma que a instituição “atende a demanda” e “passou por adequações”. “As paredes metálicas foram substituídas por alvenaria e foram instalados isolantes térmicos tanto no forro do teto quanto no telhado, onde também foi acrescentada nova camada de telhas e feito o prolongamento dos beirais para aumentar o sombreamento.”

Apesar da degradação do que deveria ser o novo prédio, o último andar, onde fica uma quadra coberta, é usado com uma finalidade mais apropriada. A reportagem encontrou cerca de 20 adolescentes disputando uma partida de futebol. Eles contaram que jogam lá todos os dias.

O prédio azul é a E E Cohab Águia de Haia I, onde on interior é de lata. Ao fundo, cinza e amarelo, está o prédio abandonado (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Adolescentes jogam futebol em quadra de prédio abandonado que abrigaria escola (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

 

Maria Colella mora há 26 anos na rua e tem medo que o prédio seja invadido (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Porta foi destruída para roubo. Do lado de dentro, lâmpadas foram levadas (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Banheiros do prédio estão degradados e sujos (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

 

 

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