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MP questiona decreto que prorroga estado de emergência na Saúde do DF
Órgão pede explicações do governo sobre ampliação por mais 180 dias do estado emergencial. Situação deveria ser temporária, mas já dura 2 anos.
O Ministério Público do Distrito Federal informou nesta quinta-feira (26) que pediu mais informações ao governo sobre a prorrogação pela quarta vez consecutiva do decreto que institui estado de emergência na Saúde do DF. Segundo o órgão, a situação deveria ser provisória e já dura dois anos.
Se for constatado que “não há medida plausível para o decreto”, o MP pode entrar com uma ação na Justiça para tentar suspendê-lo. A Secretaria de Saúde não se posicionou até a publicação desta reportagem.
Com o pedido dos promotores, o GDF tem dez dias para responder e encaminhar os processos e pareceres técnicos que embasaram a definição de situação de emergência para o setor.
O MP requisitou também o planejamento das providências que o governo está tomando para que a situação seja normalizada e a posição da Procuradoria-Geral do DF sobre o assunto. O primeiro decreto que instituiu estado emergencial na Saúde foi publicado em 20 de janeiro de 2015.
A mais recente prorrogação da situação de emergência na Saúde foi anunciada em 16 de janeiro. O estado emergencial foi declarado na terceira semana do governo Rollemberg, e nunca cessou. Com essa medida, o decreto tem validade até o dia 16 de julho.
Entenda
O estado de emergência permite que o governo do DF adquira medicamentos e insumos sem licitação, autorize a realização de horas extras, chame concursados e estenda cargas horárias de 20h para 40h semanais.
Contratos temporários com terceirizados, médicos e servidores de saúde também poderão ser prorrogados enquanto houver estado de emergência. As regras “excepcionais” também permitem a convocação de funcionários da área médica do Corpo de Bombeiros e das polícias Militar e Civil para reforçar o quadro.
Em novembro, o Palácio do Buriti afirmou que, apesar das várias “flexibilizações” previstas para o estado de emergência, a manutenção do decreto por vários períodos “não causa impacto financeiro-orçamentário”.
Histórico
Ao abrir o estado de emergência, em janeiro de 2015, o então secretário de Saúde João Batista de Sousa disse que esperava uma “pseudonormalidade” em seis meses. Segundo ele, o decreto era motivado por uma “situação de desassistência progressiva”, que não seria resolvida nem em quatro anos de governo.
Em julho daquele ano, o decreto foi renovado. Assim como da primeira vez, o Palácio do Buriti citou motivos como o fechamento de UTIs, a carência de medicamentos e insumos no estoque central, a falta de caixa para honrar pagamentos e o comprometimento com a Lei de Responsabilidade Fiscal para justificar a manutenção do estado de emergência.
Em janeiro de 2016, Rollemberg afirmou que a situação da saúde “continuava de emergência”, e deu mais seis meses de prazo para o próprio governo. Na época, a Saúde já era comandada por Fábio Gondim, que deixou a pasta meses depois.
Em julho, o decreto foi renovado mais uma vez, com vigência até esta semana. Neste período, a pasta era comandada pelo atual secretário de Saúde, Humberto Fonseca. O decreto que prorroga a vigência do estado de emergência não é acompanhado de exposição de motivos.
Crise na Saúde
Em janeiro de 2017, o DF já teve a suspensão de partos no Hospital de Santa Maria por falta de profissionais, paralisação de atendimento no Paranoá devido a superlotação do pronto-socorro, restrição para entrada apenas de pacientes graves em Brazlândia também devido ao excesso de pacientes e denúncia de falta de medicamentos para diabéticos, hipertensos e doentes de Parkinson nos postos de saúde.
Também neste primeiro mês do ano, um dos hospitais da rede, o Hospital Regional de Taguatinga, comprometeu a esterilização de materiais, a secagem das roupas e o banho quente dos pacientes por falta de diesel nas caldeiras que abastecem a instituição. Dois dias após a denúncia, o governo conseguiu restabelecer contrato com a empresa e enviar 5 mil litros de combustível, mas a bomba das caldeiras estava quebrada e os serviços só voltaram ao normal depois que a secretaria conseguiu enviar técnicos para o conserto.
Funcionários denunciaram também o corte nos serviços de telefone e internet dos postos de saúde. Sem comunicação, eles contam que os chamados de emergência e outros procedimentos são feitos também pelos celulares dos funcionários ou dos próprios pacientes. A Secretaria informou que a dívida com a operadora de telefonia é de cerca R$ 28 milhões e até o início deste ano não haveria previsão para pagamento e solução dessa questão.
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