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Ataques dos EUA a lanchas suspeitas de tráfico no Caribe geram polêmica

As ofensivas contra três embarcações no Caribe, suspeitas de transportar drogas e que resultaram em pelo menos 14 mortes, têm causado um intenso debate tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos, país que já aplicou medidas semelhantes em outras regiões no passado.
O presidente Donald Trump defende essas ações, citando os perigos que o tráfico de drogas representa para a saúde pública e a segurança nacional do seu país.
“Não apenas vamos perseguir os traficantes com pequenas lanchas rápidas…”, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, reforçando que o presidente deseja enfrentar vigorosamente esses grupos.
Trump também advertiu os criminosos que tentem levar suas substâncias ilícitas por terra até as fronteiras dos Estados Unidos.
Entretanto, especialistas do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra manifestaram que o direito internacional não autoriza governos a simplesmente eliminar suspeitos de tráfico de drogas.
Segundo o comunicado emitido por três especialistas que colaboram regularmente com o órgão, “Atividades criminosas devem ser interrompidas, investigadas e julgadas conforme o Estado de Direito, incluindo a cooperação internacional”.
Brian Finucane, especialista em contraterrorismo e consultor do International Crisis Group, declarou que Trump parece reivindicar uma permissão para eliminar fora da lei, sem apresentar argumentos legais perante isso.
“Ação condenável e irrazoável”
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos deram início à chamada “guerra ao terror”, que resultou na aprovação de diversas leis e decretos ainda hoje alvo de controvérsias.
Essa campanha incluiu ataques com drones em países como Somália e Iêmen, atingindo inclusive cidadãos americanos, com processos judiciais sendo rejeitados durante o governo Barack Obama por questões de segurança nacional.
Os recentes ataques ocorreram em águas internacionais e tiveram como alvo suspeitos traficantes estrangeiros de drogas.
Políticos da oposição, como o representante democrata Don Beyer, criticaram o governo, alegando que não há autoridade legal para que o presidente ordene a morte de pessoas nessas condições sem provas ou processo legal.
O senador republicano libertário Rand Paul qualificou a ação como “imoral e pouco sensata”, repudiando a exaltação de execuções sem julgamento após o primeiro ataque do mês.
Ao menos uma das embarcações atacadas estava indo em direção às praias de Trinidad e Tobago, frequentemente usadas para desembarque de drogas.
A primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, externou seu apoio à ação naval dos EUA, afirmando que grande parte da população compartilha da satisfação pelo sucesso das operações.
Ela destacou o enorme sofrimento causado pelos cartéis ao país e deixou claro que não tem compaixão pelos traficantes.

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