Manifestantes contrários ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e policiais militares entraram em confronto durante ato nas proximidades da rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, na noite desta quarta-feira (31). Segundo a Polícia Militar, duas pessoas foram presas por desobediência e resistência. A corporação diz que participantes do protesto se feriram, mas não informou a quantidade.
A PM afirma que precisou usar spray de pimenta para evitar depredação no terminal. Segundo a corporação, o ato reuniu 1 mil pessoas no local, por volta das 21h30. A organização do ato não estimou o número de participantes.
Uma manifestante disse que foi agredida nas costas e no braço por um policial. Ela afirmou que foi atingida no momento em que filmava o percurso pelo Eixo Monumental
A PM negou que tenha havido agressão e disse que manifestantes que se sentiram prejudicados devem procurar a Corregedoria da corporação.
Segundo a manifestante, a confusão começou durante o trajeto do Palácio da Justiça até rodoviária. Ela disse que a agressão teve início na N1, quando o grupo que protestava foi além do limite de faixas imposto pela polícia.
Parte do grupo estava próximo ao Palácio da Justiça por volta das 20h. Segundo a PM, eram 300 pessoas neste horário. O número de manifestantes foi aumentando ao longo da noite. Eles protestavam contra o presidente Michel Temer, que assumiu o cargo após o afastamento definitivo da agora ex-presidente Dilma Rousseff.
Durante a manifestação houve bloqueio de quatro das seis pistas da N1, entre o Congresso Nacional e o Ministério da Justiça. A PM acompanhou o protesto, fazendo um cordão de isolamento. Os manifestantes gritam “golpista Temer, pode esperar, a sua hora vai chegar”.
Na tarde desta quarta, manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseffcantaram o hino nacional em frente ao Palácio da Alvorada logo após a aprovação do afastamento definitivo dela do cargo. O mandato de Dilma foi cassado por 61 votos a 20 – eram necessários 54 para que ela perdesse o cargo.
Às 15h, cerca de 150 manifestantes com bandeiras do PT, da CUT e de movimentos sociais que acamparam no ginásio Nilson Nelson aguardavam em frente ao Alvorada, na esperança de que a presidente cassada fosse até a entrada da residência oficial e fizesse um pronunciamento. Dilma discursou dentro do Palácio. A PM estimou que havia 150 pessoas em frente ao Palácio. Os manifestantes não fizeram estimativa.
Jornalistas de emissoras de televisão foram hostilizados por manifestantes no começo da tarde. Uma mulher chegou a jogar terra em um repórter e houve bate-boca. A polícia teve de intervir.
Logo depois da votação no Senado, aliados da ex-presidente foram ao Palácio da Alvorada para prestar solidariedade a Dilma, entre eles o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Os manifestantes cercaram o carro em que ele estava para parabenizá-lo pela defesa de Dilma. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) desceu do carro e foi abraçado pelo grupo.
Dilma pode continuar a ocupar o Palácio da Alvorada pelos próximos 30 dias. Dilma terádireito ainda a oito servidores, como motoristas e seguranças. A presidente afastada também manteve os direitos políticos e pode se candidatar a cargos eletivos ou trabalhar na administração pública.
O vice-presidente, Michel Temer, viajou para a China nesta quarta-feira já na condição de presidente. Temer tomou posse no Senado às 16h. Logo após a cerimônia, ele embarcou para a Ásia.
No início da noite, um grupo de cerca de 300 pessoas, segundo a PM, fechou quatro vias do Eixo Monumental próximo ao Congresso Nacional, para protestar contra o impeachment de Dilma. Os manifestantes não estimaram o público presente.
Votação
O plenário do Senado aprovou nesta tarde, por 61 votos favoráveis e 20 contrários, o impeachment de Dilma. A presidente afastada foi condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas “pedaladas fiscais” no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional.
Em seguida, os senadores decidiram, por 42 votos favoráveis, 36 contrários e 3 abstenções, que Dilma Rousseff deveria manter o direito de exercer funções públicas, o que significa que ela ainda poderá se eleger para cargos políticos e ocupar qualquer emprego público.
Para que ela ficasse inabilitada de exercer funções públicas, eram necessários 54 votos favoráveis.
Antes da votação, o senador Jorge Viana (PT-AC), aliado de Dilma, fez um apelo aos colegas dizendo que a petista não poderá “nem dar aula em universidade”.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, também saiu em defesa de Dilma e afirmou que os senadores não poderiam ser “desumanos”. “No Nordeste, se diz: além da queda, o coice. Não podemos ser maus, desumanos. O meu voto é contrário à inabilitação”, disse.
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