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Brics planejam cabos submarinos próprios para comunicação rápida e segura

Os países do Brics estão organizando um estudo para avaliar a viabilidade técnica e econômica da criação de uma rede de comunicação rápida através de cabos submarinos. Essa ideia, que já havia sido debatida pelos ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação do grupo, foi agora oficializada na Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, destacou na segunda sessão plenária do encontro no Rio de Janeiro que realizar um estudo para estabelecer cabos submarinos conectando diretamente os membros do Brics vai aumentar a velocidade, segurança e independência no envio de dados.
O estudo representa o início de um projeto importante para a criação dessa infraestrutura, que é fundamental para o compartilhamento de informações entre os membros e para o avanço em áreas como a inteligência artificial (IA).
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, comentou em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que o financiamento do estudo virá do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics.
Ela explicou que os cabos de fibra óptica usados atualmente para a transmissão de dados estão concentrados principalmente no Norte Global, e o grupo Brics quer mudar essa realidade.
Esses cabos, que passam pelo fundo do oceano, são essenciais para a comunicação global, permitindo chamadas de vídeo e tráfego pela internet, entre outras funções. No entanto, a maior parte desse sistema está sob controle de países como Estados Unidos, França, Japão e China.
A ministra reforçou que estamos vivendo uma era dominada pelos dados, e é vital que os países tenham um cabos próprios, onde os dados pertençam a eles mesmos.
O Brics é composto por 11 membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Além disso, o bloco conta com países parceiros como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão.
Juntos, os membros permanentes representam 39% da economia mundial, quase metade da população global e uma significativa parcela do comércio internacional. Em 2024, 36% das exportações brasileiras foram destinadas a esses países, enquanto 34% das importações brasileiras vieram deles.
Inteligência artificial
A Declaração do Rio de Janeiro, parte da 17ª Reunião de Cúpula, apoia a ideia brasileira de discutir em 2025 a realização do estudo para a criação da rede de comunicação por cabos submarinos de alta velocidade entre os países do Brics.
Além desse compromisso, o grupo aprovou um documento voltado para a governança global da inteligência artificial.
No Brasil, existem atualmente 11 centros especializados em desenvolver soluções em inteligência artificial para áreas como saúde, educação e agricultura, alinhados às necessidades do país. Esses centros fazem parte do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que dispõe de investimentos de R$ 23 milhões.
Luciana Santos destacou que a inteligência artificial, assim como outras grandes inovações tecnológicas, não deve ser encarada com medo, mas sim dominada e aproveitada. O Brasil tem mostrado capacidade para isso.
Ela complementou dizendo que existem várias soluções brasileiras em inteligência artificial, e a intenção é que a ciência e a tecnologia estejam cada vez mais próximas das pessoas, evitando os problemas atuais de uso inadequado, intolerância, ódio ou ameaças à democracia.

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