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Economia

BRICS triplicam produção científica de 2000 a 2024

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O total de pesquisas publicadas pelos cientistas dos países do BRICS cresceu mais de dez vezes entre os anos 2000 e 2024.

Apesar do aumento significativo nesse intervalo, em 2024, o Brasil contribuiu com menos de 100 mil dos mais de dois milhões de trabalhos científicos oriundos do grupo.

Os dados foram reunidos pelo pesquisador Odir Dellagostin, professor da Universidade Federal de Pelotas, com base na Scopus, a maior base de dados de resumos e citações avaliados por pares no mundo.

Odir Dellagostin explica: “O Brasil teve um crescimento rápido e constante até 2021, acompanhando o avanço da pós-graduação. Enquanto a pós-graduação prosperava, a produção científica também progredia.”

No entanto, em 2022 e 2023, a quantidade de publicações diminuiu, coincidentemente com uma redução no número de pesquisadores acadêmicos brasileiros.

Em 2024, observou-se uma leve recuperação, com cerca de 4 mil artigos adicionais e quase 600 novos mestres ou doutores titulados. Ainda assim, Dellagostin teme que o país esteja ficando para trás no crescimento científico dos BRICS:

“Entre 2021 e 2024, a média mundial de crescimento científico foi 8,3%. Os países dos BRICS, por exemplo, Emirados Árabes, avançaram mais de 60%. Índia cresceu 41%, China 20%, Malásia 17% — mesmo não sendo do BRICS. O Brasil, entretanto, teve queda de 10,1%. Enquanto outros países deram saltos gigantescos de crescimento, partindo de uma base pequena, o Brasil cresce muito lentamente.”

O professor da UFPel e membro da Academia Brasileira de Ciências aponta que a falta de financiamento é um fator, mas não o principal motivo da desaceleração.

“O fechamento de laboratórios durante a pandemia impactou bastante, mas também há desânimo entre os pesquisadores, influenciado por discursos e políticas que desvalorizam a ciência no país”, destaca Dellagostin.

Outro ponto crítico é que quase toda pesquisa científica no Brasil está vinculada à pós-graduação, oferecendo poucas oportunidades de carreira exclusiva em pesquisa:

“A absorção dos doutores no mercado tem sido baixa, o que prejudica a produção e a motivação científica. É vital discutir a criação de carreira dedicada para pesquisadores para reverter esse quadro”, afirma.

Colaborações internacionais

Além da grande disparidade da produção científica brasileira em relação a parceiros dos BRICS como China e Índia, os dados indicam poucas parcerias científicas do Brasil com os países do bloco, focando mais em Estados Unidos e Europa.

Dellagostin defende uma mudança de foco:

“Estamos vendo uma mudança de referência. Os Estados Unidos e Europa deixam de ser as principais referências. Em 2024, a China produziu 60% mais artigos que os Estados Unidos. A Índia já ultrapassou vários países europeus e é o terceiro maior produtor no mundo. Precisamos olhar mais para a Ásia.”

O pesquisador também sugere que os encontros dos líderes dos BRICS resultem na criação de um conselho de pesquisa conjunto, similar ao European Research Council que reúne verbas de vários países para financiar pesquisas colaborativas — um Conselho de Pesquisa dos BRICS.

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