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Canteiro de obras do estande que desabou será vistoriado nesta terça

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Ministério Público do Trabalho fará inspeção no local do acidente. Operários que sobreviveram ao acidente devem começar a ser ouvidos.

 

O Ministério do Trabalho vai inspecionar nesta terça-feira (26) o canteiro de obras do estande de vendas que desabou na sexta-feira (22), na Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo. Também serão recolhidos alguns documentos. Da obra que deixou um morto e cinco feridos.

Além disso, os operários que sobreviveram ao acidente e os responsáveis pela construção devem começar a ser ouvidos pela Polícia Civil.

Representantes das empresas responsáveis pelo estande de vendas se reuniram nesta segunda (25) com integrantes da Prefeitura. A administração municipal tinha dado o prazo até a tarde de segunda para que engenheiros da Cyrela e da ICR Construções Racionais desse explicações sobre o acidente que deixou um morto e cinco feridos.

No local onde houve o acidente será construído um prédio de alto luxo que terá unidades de 275 m² a 592 m², com valor médio de R$ 6,9 milhões a R$ 10 milhões. A Cyrela, responsável pela obra, disse que o estande de vendas foi desativado na última quarta-feira e que as obras do prédio não começaram.

Os representantes chegaram de taxi à Subprefeitura de Pinheiros no fim da tarde. O prédio já estava fechado, mas, mesmo assim, eles se reuniram com a subprefeita. A partir de terça (26), a Polícia Civil vai ouvir os sobreviventes, outras testemunhas e os responsáveis pela obra.

A obra do estante está interditada. Já o empreendimento residencial da Cyrela possui alvará de execução emitido em outubro de 2015, que permite a construção da edificação, conforme a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras.

Na sexta-feira, ambas as empresas lamentaram o ocorrido e informaram que estavam apoiando as autoridades nas investigações.

O local do acidente passou por perícia do Instituto de Criminalística e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os trabalhos dos peritos já foram encerrados e o terreno, liberado aos donos. A obra no estande, segundo a prefeitura, porém, está interditada.

O Sindicato da Habitação, o Secovi, disse que cabe à incorporadora fiscalizar a execução de um estande.

O Conselho Regional de Engenharia informou que só tem o papel de fiscalizar, controlar e orientar o exercício das atividades profissionais ligadas ao Crea. Já a Cyrela disse que a construção, a reforma e a demolição do estande foram terceirizados e que tem todas as licenças necessárias.

O acidente
Segundo o capitão Carlos Duvernay, dos Bombeiros, e Milton Roberto Persoli, coordenador da Defesa Civil, as cinco vítimas tiveram ferimentos leves. Todos eram operários e foram levados ao Prontos-Socorros da Lapa e Vergueiro.

O operário Antonio Soares Nascimento, nascido em 1977, morreu no desabamento, segundo a Defesa Civil. O corpo dele já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital e retirado pela família na tarde de sexta-feira.

Ainda de acordo com o capitão Duvernay, a obra do estande tinha paredes de gesso e estrutura metálica leve, o que indica ser uma “obra provisória”.

Um estande de vendas da obra de um prédio em construção é visto após desabar na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Estande de vendas de um prédio a ser construído é visto após desabar na Vila Olímpia, na Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

 

Detalhe da estrutura do estande de vendas da obra de um prédio em construção que desabou na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Detalhe da estrutura do estande de vendas de um prédio a ser construído que desabou na Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

A Defesa Civil ainda não sabe informar as causas do acidente e diz que, a princípio, a obra era regular. “Não temos ideia do que provocou este colapso nesta estrutura, estamos aguardando os responsáveis da empresa que estava executando a reforma. O estande estava passando por uma reforma, então estamos esperando os encarregados, os engenheiros com as autorizações e os alvarás do projeto para que a gente possa ter uma ideia de uma possível causa”, disse Persoli.

Vizinha ouviu barulho
Uma vizinha da obra se assustou com o barulho. “Eu estava na cozinha, ouvi um barulhão, parecia um caminhão cheio de tralha, até achei que tinha sido um acidente [de trânsito]. Fui olhar para ver o que era e começou barulho de viatura”, conta a jornalista Suelen Rodrigues, de 33 anos, uma moradora de um prédio vizinho ao local do desabamento.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de São Paulo, Antônio de Sousa Ramalho, disse que esse tipo de acidente “não pode ocorrer”.

“A responsabilidade é da Cyrela, mesmo se contratou outra empresa para a obra. Não pode simplesmente contratar e não fiscalizar. Nós já acionamos o Ministério do Trabalho, na segunda-feira vem um auditor visitar o local e nós vamos acompanhar”, disse. “Recebi a denúncia de trabalhadores de que os funcionários da obra não tinham carteira assinada, eram informais. Vamos investigar se é isso mesmo, essa prática é comum nesse tipo de obra.”

A Cyrela informou, por meio de nota, que o estande estava desativado e que presta solidariedade às vítimas.

“A Cyrela e a ICR Construção Racionais lamentam profundamente o ocorrido na data de hoje, esclarecendo que o estande de vendas estava desativado desde a última quarta-feira. As empresas informam que estão prestando toda assistência às vítimas e suas famílias,  bem como estão auxiliando as autoridades na investigação dos fatos”, diz a nota.

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