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Clube de São Paulo inicia investigação contra ex-líder do conselho
O Clube Atlético Juventus iniciou, na última sexta-feira (5/12), uma sindicância contra Ivan Antipov, conselheiro vitalício e ex-presidente do conselho deliberativo, por quebra de decoro.
O termo de instauração foi emitido por Carlos Eduardo Gomes Pedroso, atual presidente do colegiado, e assinado por 21 conselheiros. Desde então, Antipov está suspenso preventivamente do Juventus, pelo prazo de 20 dias.
Ele é acusado de modificar individualmente e sem autorização o estatuto social do clube, além de prejudicar a estabilidade institucional ao abrir uma ação judicial contra o Juventus.
Ivan Antipov e outros ex-dirigentes estão indiciados por suposto desvio de R$ 2,3 milhões que seriam destinados a obras de conservação do Estádio Conde Rodolfo Crespi, situado na Rua Javari, bairro da Mooca, zona leste da capital paulista.
Em 27 de outubro, a Justiça de São Paulo suspendeu em segunda instância um processo disciplinar anterior contra Antipov, por meio de tutela de urgência, impedindo a realização de uma assembleia que poderia resultar em sanção contra o economista. A decisão pode ser mantida ou revertida.
Estelionato e associação criminosa no clube
Em 20 de outubro, a Polícia Civil abriu inquérito após queixa criminal do Clube Atlético Juventus contra ex-dirigentes do clube. Além de Ivan Antipov, os suspeitos incluem Antonio Ruiz Gonsalez, ex-presidente; Paulo Troise Voci, ex-vice-presidente; e Raudinei Anversa Freire, ex-diretor de futebol.
O delegado Tiago Fernando Correia, responsável pela investigação, identificou indícios de associação criminosa estruturada para lesar o patrimônio do clube e possível estelionato, envolvendo apropriação indébita majorada.
A posição de Ivan Antipov
A defesa de Ivan Antipov acusa a atual gestão de perseguição política. Na Justiça, o conselheiro pleiteia indenização de R$ 100 mil por danos morais devido a constrangimento e dano à reputação.
“O Sr. Ivan refuta veementemente qualquer irregularidade e informa que está tomando as medidas legais cabíveis para esclarecer os fatos. Foi concedida tutela antecipada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e há pedido de indenização por danos morais”, disseram seus advogados Ricardo Sayeg e Rodrigo Sayeg.
No processo, Antipov alega não ter responsabilidade por qualquer pagamento investigado e destaca que, como presidente do conselho deliberativo, não tinha funções executivas na administração do clube.
Fraudes e irregularidades no Juventus
O estádio do Juventus, tombado como patrimônio histórico da cidade de São Paulo, firmou em 2022 acordo com a Prefeitura para execução de reformas pelo valor arrecadado do potencial construtivo do terreno.
O montante de R$ 2.362.157,09 deveria ter sido investido em obras, mas foi usado para quitar empréstimos da associação esportiva. Após sindicância interna, funcionários envolvidos foram afastados e um inquérito policial foi aberto para proteger bens e interesses do clube.
Foi constatada dupla lesão ao patrimônio com repercussão financeira e institucional. Para evitar interferências, dirigentes e funcionários relacionados aos períodos de 2019-2020 foram suspensos preventivamente.
Em setembro, a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa propôs multa ao Juventus por descumprimento do termo, com dívida que pode ultrapassar R$ 5,3 milhões, incluindo a restituição ao Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano.
A prefeitura descobriu que o cálculo para transferência do potencial construtivo considerou valor muito abaixo do mercado. Enquanto o clube arrecadou cerca de R$ 2,5 mil por metro quadrado, a prefeitura estimou o valor de recompra em mais de R$ 19 milhões.
Devido ao descumprimento, a multa de R$ 2,9 milhões foi proposta, junto com a devolução integral dos recursos ao fundo municipal. A penalidade inclui uma cobrança mensal de aproximadamente R$ 118 mil desde abril de 2023 até maio de 2025.
Posição da diretoria e situação do estádio
A sindicância em curso não foi comentada oficialmente pelos responsáveis. O presidente atual, Tadeu Deradeli, prefere não se pronunciar no momento. O clube também não deu respostas oficiais, e outros ex-dirigentes citados não se manifestaram.
O Estádio Conde Rodolfo Crespi, conhecido como Estádio da Rua Javari, foi inaugurado em 1925 e adquirido pelo clube em 1967. Com área de aproximadamente 15 mil metros quadrados, comporta cerca de 5 mil pessoas, tendo já recebido até 15 mil torcedores.
Em 2019, o estádio foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), reconhecendo sua importância e proteção ao patrimônio local.


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