Centro-Oeste
DF conta com 250 empresas que enviavam resíduos a aterro que desabou no Entorno

O desabamento da enorme pilha de resíduos no aterro sanitário Ouro Verde causou não apenas danos ambientais, mas também alterou a dinâmica de várias empresas no Distrito Federal que descartavam lixo naquele local. Situado em Padre Bernardo, município de Goiás próximo ao Distrito Federal, o aterro foi proibido de receber novos resíduos e as empresas receberam orientações do Serviço de Limpeza Urbana (SLU-DF) para buscarem destinos alternativos em conformidade com as normas ambientais.
Segundo uma lista obtida pelo Metrópoles, entre os usuários do aterro Ouro Verde estão hotéis, supermercados, órgãos públicos, bancos, restaurantes e hospitais. Cerca de 250 empresas utilizavam o aterro como local para descarte de seus resíduos sólidos. Todas elas precisam encontrar novas alternativas para o descarte.
Após o incidente, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) questionou o SLU sobre sua relação com o aterro Ouro Verde. Em resposta, o órgão afirmou que não havia sido formalmente notificado da decisão judicial que suspendeu as atividades do aterro. Ainda esclareceu que sua responsabilidade se limita ao cadastramento e autorização de empresas de coleta e transporte de resíduos sólidos urbanos, sem controle direto sobre os locais finais de destinação desses resíduos.
Para grandes geradores de resíduos, o cadastramento requer a indicação do local final de disposição, e consta registro de utilização do aterro Ouro Verde por diversas empresas. Algumas consultadas informaram que passaram a direcionar resíduos para o aterro do SLU em Samambaia.
Decisões judiciais
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) determinou a paralisação das operações no aterro Ouro Verde, atendendo a pedido do Ministério Público de Goiás e do Ministério Público Federal em ação civil pública. A decisão incluiu a suspensão do recebimento de resíduos, compactação e cobertura dos resíduos já depositados. Além disso, R$ 10 milhões foram bloqueados nas contas da empresa para garantir recursos destinados à contenção emergencial e reparação dos danos ambientais.
Desabamento do aterro
O colapso de uma grande montanha de lixo ocorreu em 18 de junho, sendo registrado por testemunhas. O aterro, localizado dentro de uma área protegida na zona de conservação da Área de Preservação Ambiental do Rio Descoberto, operava sem licenciamento ambiental do Estado de Goiás. Com o deslizamento, as águas do Rio do Sal e do Córrego Santa Bárbara foram contaminadas, tornando o uso dessas fontes proibido por tempo determinado.
Medidas contra os danos
Uma avaliação preliminar da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) indicou que aproximadamente 40 mil metros cúbicos de resíduos escorregaram durante o desmoronamento. A Semad autorizou um plano emergencial proposto pela empresa responsável, incluindo a contratação de empresa especializada para estudos geotécnicos, análise imediata da qualidade da água, instalação de sinalização e comunicação clara para a população afetada.
A empresa Ouro Verde sugeriu instalar sensores para monitoramento do solo, construir diques de contenção e realizar monitoramento geotécnico; entretanto, a Semad informou que ainda não houve formalização com empresa especializada, mesmo diante da urgência. Para prevenir o extravasamento de chorume, foi proposta a construção de barragens temporárias, desvio do fluxo limpo e bombeamento do chorume para uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). A construção da barragem emergencial teve início em 27 de junho.

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