Conecte Conosco

Notícias Recentes

DF usa só 0,08% do previsto para 2014 em obras de drenagem pluvial

Publicado

em

Dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental apontam que o Distrito Federal gastou menos de 0,1% dos recursos destinados para obras de drenagem pluvial em 2014. Dos R$ 28,3 milhões autorizados, apenas R$ 23,6 mil foram empenhados. É o menor percentual gasto nos últimos cinco anos – 2011, primeiro ano do atual governo, teve o maior investimento na área: R$ 2,2 milhões, ou 3,6% do total previsto para drenagem pluvial.

Os efeitos puderam ser sentidos nas últimas chuvas: ruas se transformaram em “corredeiras”, garagens precisaram ser interditadas após alagamentos, carros foram arrastados e lojas perderam todo o estoque por causa dos estragos provocados pela água. Até mesmo o Congresso Nacional, o Ministério do Esporte e o Itamaraty tiveram prejuízos.

Os dados foram levantados pelo deputado distrital Chico Leite (PT) e mostram que o baixo investimento ocorre desde 2010. Em nota, a Secretaria de Obras afirmou que esses recursos são destinados ao Programa Águas do DF – anunciado no final de 2012, que prevê o reforço e ampliação da rede no Plano Piloto e em Taguatinga – e não foram utilizados porque questionamentos do Tribunal de Contas impediram a continuidade das licitações.

Ainda de acordo com a pasta, grandes obras de pavimentação e urbanização já contemplam nos contratos a parte de drenagem pluvial. Além disso, segundo a secretaria, houve gasto de quase R$ 19 milhões em serviços para manutenção da rede, e a Novacap retira diariamente até dez toneladas de lixo das bocas de lobo.

O parlamentar criticou o posicionamento do Executivo. “Isso é inadmissível. De milhões planejados para evitar os efeitos negativos das chuvas, apenas alguns milhares são utilizados. Limpar bocas de lobo é obrigação, investimento é construir novas galerias nas cidades para o escoamento das águas”, declarou.

Um estudo feito pela Defesa Civil aponta a existência de 36 áreas com risco de acidentes provocados por chuvas na capital do país. São 2.353 residências, a maioria em regiões marcadas pela ocupação desordenada do solo e ainda em processo de regularização, como o Setor Habitacional Sol Nascente, Vicente Pires, Fercal, Arniqueira e a Vila Rabelo. O subsecretário de Operações, coronel Sérgio Bezerra, afirmou que o órgão analisa incluir também pontos da Asa Norte.

“É bem verdade que, depois das inundações ocorridas na semana passada na 402 e [nas quadras de finais] 9, 10 e 11, estamos estudando, em função do que vai ser feito no próximo governo, se vamos declarar ou não área de risco. Tem um problema sério de drenagem que está causando inúmero danos materiais, inclusive oferecendo risco aos moradores, especialmente na quadra 402”, explicou.

Os incidentes levaram a Defesa Civil a recomendar que crianças sejam proibidas de ficar debaixo dos prédios da quadra durante chuvas. Segundo o coronel, o local acumula a água que escorre do estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, entregue no ano passado após reforma. Outro problema da região é a lama arrastada de prédios em construção no Noroeste, que inunda a 211, a 511 e as tesourinhas das quadras de final 1.

“A rede da Asa Norte foi feita há 40, 50 anos, para uma população que era muito menor. Houve muita impermeabilização do solo, mas não foi feita a expansão do sistema de drenagem”, afirma. “Tem de haver uma intervenção muito significativa. O volume de água é tão grande que sai arrastando carro, lixeira. Tem risco de acidentes piores.”

Mesmo não passando todos os dias pela Asa Norte, a fotógrafa Nathália Moreira consegue descrever os transtornos que os temporais podem provocar na região. A irmã mais velha dela, de 24 anos, acabou ficando ilhada na última semana. “Ela precisou parar. O carro dela deu perda total. Se ela tivesse andado mais um pouquinho, o carro dela teria ido para o beleléu.”

Moradora do Guará II, ela conta que a mãe a proíbe de sair de casa na chuva. A própria garota afirma temer acidentes nessas ocasiões. Em novembro, quando fotografava a bebê de uma prima em Vicente Pires, Nathália viu uma cena que a marcou.

“Foi na rua 10B. Eu nunca tinha visto nada parecido com aquilo. Um ônibus quebrou por causa do alagamento e os passageiros ficaram em uma situação terrível. Eu fiquei muito assustada”, lembra, “No Guará, na Avenida Central, perto da QE 36 e da QE 34, já inundou, carro tem que fazer fila bem no canto porque só fica uma faixa. Mas, ainda assim, não era tão terrível.”

O estudante Felipe Gomes conta que também já viu veículos ficarem submersos por causa das inundações. Em um dos casos, uma chuva de granizo em Sobradinho II alagou o viaduto de acesso ao Condomínio Império dos Nobres e deixou dois carros e um ônibus escolar parcialmente tampados.

“A chuva foi tão forte que até balançava a janela. Um dos carros já boiava. Eu fiquei bem preocupado, mas falaram que não tinha criança dentro do ônibus porque o motorista já as tinha deixado na escola. No dia seguinte, a via ficou toda suja de terra”, conta. “Isso já está virando rotina em Brasília. O pessoal corre risco de vida. Tem que ficar atento, porque se tiver chuva forte, você precisa se programar para não pegar uma inundação dessas.”

Presente na lista das áreas mais afetadas pelos temporais, o Plano Piloto conta com um sistema de drenagem pluvial antigo e que nunca sofreu grande intervenção. A previsão era de que isso ocorresse por meio do Programa Águas do DF, com o reforço das quadras das faixas 1, 2, 10 e 11 da Asa Norte e 13 da Asa Sul. Em Taguatinga, a iniciativa contemplaria a QNA, QNB, QNC, QSC, QSA, QSB, QND, QNE, QI e Avenida Hélio Prates.

Fonte: G1

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados