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Entenda o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas

O Hamas anunciou nesta sexta-feira que está consultando outros grupos palestinos sobre uma proposta de trégua com Israel, indicando uma possível preparação para negociações de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza, com a liberação de reféns.
A declaração foi feita antes da visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a Washington na segunda-feira, com o presidente americano, Donald Trump, pressionando pelo fim do conflito que já dura mais de 15 meses.
“O movimento está conversando com líderes das forças e facções palestinas sobre a proposta recebida dos mediadores”, afirmou o Hamas em comunicado.
Horas antes, Netanyahu garantiu o retorno de todos os reféns detidos por militantes em Gaza, respondendo à pressão interna sobre o destino dessas pessoas.
— Tenho um compromisso profundo de assegurar que todos os nossos sequestrados retornem para casa — disse Netanyahu.
Na terça-feira, Trump declarou que Israel aceitou os termos de um possível acordo com o grupo palestino.
“Espero, para o bem do Oriente Médio, que o Hamas aceite este acordo, porque a situação só tende a piorar”, publicou Trump em sua rede social, Truth Social, agradecendo ao Catar e ao Egito por seu papel na facilitação da proposta.
Uma questão fundamental é se o Hamas acredita ter garantias suficientes de que o plano revisado levará ao fim definitivo da guerra, que já causou dezenas de milhares de mortes em Gaza e devastou o território.
Netanyahu insiste em um cessar-fogo temporário enquanto as forças militares e o governo do Hamas não forem desmantelados.
Principais pontos da proposta
Libertação de reféns e prisioneiros
A proposta prevê a liberação de 10 reféns vivos retidos em Gaza e a devolução dos corpos de 18 deles, em troca da soltura de diversos prisioneiros palestinos. As trocas aconteceriam em cinco etapas durante os 60 dias da trégua.
Segundo o jornal israelense Haaretz, oito reféns vivos seriam libertados já no primeiro dia, e os dois restantes no quinquagésimo dia do cessar-fogo. Os corpos seriam devolvidos em três momentos: no sétimo, trigésimo e sexagésimo dia.
De acordo com a CNN, Israel libertaria no primeiro dia um número indefinido de prisioneiros palestinos, sem mais detalhes sobre as fases seguintes.
Atualmente, estima-se que 50 reféns ainda estejam em Gaza, com ao menos 20 vivos.
Retirada das forças israelenses de Gaza
Israel concordaria em retirar suas tropas de determinadas áreas de Gaza conforme o acordo. A saída das forças do norte ocorreria no primeiro dia da trégua, e a do sul ao fim das trocas de prisioneiros, embora os detalhes exatos não tenham sido divulgados.
Não está claro se isso incluiria todas as tropas ou apenas algumas. Em cessar-fogos anteriores, as forças israelenses se retiraram parcialmente, mas não de todo o território.
Garantias para o fim da guerra
Os Estados Unidos, junto com o Catar e o Egito, se comprometeriam a garantir negociações sérias durante a trégua de 60 dias, com a possibilidade de prorrogação se necessário.
Trump assegurou empenho para que as negociações avancem de “boa fé” até um acordo final.
Suspensão de cerimônias públicas com reféns
O Hamas se comprometeria a não realizar cerimônias públicas e televisionadas para a entrega de reféns, como nas trégues anteriores, que geraram controvérsia por forçar reféns israelenses a discursos de agradecimento.
Apoio humanitário
A ajuda humanitária começará a chegar imediatamente a Gaza no início do cessar-fogo, inclusive de organizações internacionais como as Nações Unidas, semelhante ao que ocorreu na trégua iniciada em 19 de janeiro.

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