Brasil
Família diz que adolescente de 14 anos é vítima de injúria racial de colegas de escola no DF
A família de uma adolescente de 14 anos diz que ela está sendo vítima de injúrias raciais de colegas da escola particular onde estuda, em Sobradinho, no Distrito Federal. Segundo Claudete Caetano, mãe da menina, as ofensas feitas em um grupo de WhatsApp por conta da cor da pele da filha vem acontecendo há aproximadamente dois anos.
“Já chegaram a chamá-la de macaca, preta fedida. Na verdade, de um mês pra cá, isso tem acontecido com mais recorrência entre os colegas da mesma idade. A rede social que está deixando as pessoas mais valentes para poder falar e machucar”, diz Claudete à TV Globo.
A família registrou uma ocorrência pelo crime de injúria racial na delegacia de Sobradinho. O caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente.
Em nota, a escola disse que ao ser informada “sobre a ocorrência de atos de racismo e disseminação de ódio” em um grupo de WhatsApp de imediato adotou as medidas legais e regimentais cabíveis ao caso. A instituição diz ainda que “as ofensas ocorreram em um grupo de adolescentes externo ao ambiente escolar”.
“Ressaltamos que o fato em si não ocorreu no ambiente escolar e, apesar de ter acontecido em um grupo de WhatsApp de adolescentes, como envolvia nossa estudante e um de nossos alunos, nossa Instituição interviu e adotou os procedimentos necessários para coibir e punir o ato de racismo. Todos os procedimentos adotados seguiram a legislação vigente e os preceitos disciplinares estabelecidos em nosso Regimento Interno”, aponta a escola.
Com os sucessivos ataques, a mãe afirma que a filha está em quadro depressivo e fazendo tratamento psicológico. “Ela fala ‘mãe, eu me olhei no espelho e não estou bem, estou me sentindo suja, não estou legal’. Infelizmente eu não posso proteger ela do mundo”, lamenta a mãe.
“Eu falo muito que, infelizmente, não vai ser a última vez. Mas a gente vai lutar e correr atrás, denunciar. Eu não vou deixar de lutar porque eu criei minha filha para ser uma menina forte. Eu estou ajudando não só ela, mas todos os outros, todas as outras”, diz Claudete.
A mãe, que trabalha na mesma escola, diz que a instituição presta apoio à estudante. Um dos autores das ofensas foi identificado e os responsáveis foram chamados na escola.
Injúria racial no DF
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), de janeiro a outubro deste ano, foram registrados, em média, dois casos de injúria racial por dia nas delegacias da capital. Já são 572 ocorrências contra 518 No mesmo período em 2022.
A taxa de injúria racial registrada no Distrito Federal foi quase três vezes maior do que a média nacional em 2022. A taxa na capital federal foi de 22,5 por 100 mil habitantes, enquanto a média no Brasil foi de 7,6 por 100 mil habitantes.
Em números absolutos, foram 633 casos de injúria racial em Brasília, em 2022, segundo dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Injúria x racismo
De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade.
Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
G1.
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