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Hamas aceita plano básico de cessar-fogo proposto por Trump para Gaza

O grupo palestino Hamas concordou com os principais pontos de uma proposta de cessar-fogo para a Faixa de Gaza, liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê uma trégua de 60 dias, a devolução dos reféns ainda na região e a retomada da ajuda humanitária.
Um aspecto decisivo foi o papel de Trump como garantidor da suspensão dos combates e do cumprimento dos termos do plano, especialmente no que diz respeito às negociações para o fim do conflito.
— Entregamos aos mediadores do Catar e do Egito nossa resposta à proposta — comentou uma autoridade do Hamas à agência Reuters, sob anonimato. — A resposta do Hamas é positiva e esperamos que ajude a facilitar um acordo.
A proposta, comparável a planos anteriores negociados com a mediação dos EUA, Catar e Egito, estipula que o cessar-fogo inicial de 60 dias seja respeitado por ambas as partes. Durante esse período, o Hamas se comprometeu a libertar 10 dos aproximadamente 20 reféns israelenses vivos e a entregar os restos mortais de 18 reféns falecidos.
Além disso, o Hamas concordou em cessar cerimônias de transferência que haviam gerado condenações da ONU. Em contrapartida, Israel estaria disposto a liberar um número não especificado de palestinos detidos. O acordo também inclui a retomada da entrada da ajuda humanitária por canais tradicionais, especialmente via Nações Unidas e outras entidades, em vez da controversa Fundação Humanitária de Gaza.
Quanto à retirada das tropas israelenses, o plano prevê a saída dos soldados de áreas previamente definidas no norte já no primeiro dia da trégua, e do sul do enclave após a troca de reféns.
Trump assumiu a responsabilidade como garantidor não só do cessar-fogo, mas também das conversas futuras visando o fim da guerra iniciada em outubro de 2023 e a libertação de todos os reféns.
Em março, Israel retomou ataques alegando prevenir a reorganização do Hamas, mas com o compromisso de Trump de garantir o respeito à trégua por ambas as partes, as negociações avançaram. Israel aprovou o plano, que será avaliado pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que visitará os EUA em breve.
Trump expressou esperança no acordo, afirmando que a situação no Oriente Médio só se agravaria se a trégua não fosse aceita, e reconheceu a colaboração do Catar e do Egito.
No entanto, algumas questões permanecem sem definição, como os planos controversos de transferir a população da Faixa de Gaza, amplamente criticados no cenário internacional, e a possibilidade de manutenção de presença militar israelense no território.
A retomada segura da população às suas residências ainda é incerta, com 85% do território controlado por forças israelenses ou sob ordens de retirada forçada. Desde o rompimento do último cessar-fogo, mais de 700 mil civis foram deslocados internamente.
Horas antes do anúncio do cessar-fogo, Israel intensificou bombardeios, resultando em muitas mortes, inclusive em áreas próximas a pontos de distribuição de alimentos. O exército israelense confirmou a morte de civis buscando mantimentos e informou ter revisado suas orientações operacionais, embora os ataques tenham continuado.
— Autoridades israelenses limitam a movimentação e o abastecimento e implementaram uma distribuição militarizada de alimentos, que é degradante e letal. A fome sistemática e intencional de palestinos por mais de 100 dias está levando a população ao limite. Esta carnificina precisa cessar imediatamente — declarou Aitor Zabalgogeazkoa, coordenador de emergências da ONG Médicos Sem Fronteiras em Gaza, à rede al-Jazeera.

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