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Irã adverte EUA contra bloqueio de petroleiro que zarpou de Gibraltar

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Gibraltar havia ordenado a detenção do navio, suspeito de transportar petróleo para a Síria, em aplicação às sanções europeias contra o país em guerra

Super-petroleiro iraniano confiscado no mês passado por suspeita de enviar petróleo para a Síria.
(foto: Jorge Guerrero/AFP)

O Irã anunciou nesta segunda-feira (19) que fez uma advertência ao governo dos Estados Unidos contra uma eventual captura de um petroleiro iraniano que zarpou no domingo de Gibraltar, onde estava retido desde 4 de julho.
O petroleiro levantou âncora no domingo à noite e navegava rumo ao sul, de acordo com site de monitoramento Marine Traffic.
As autoridades de Gibraltar não confirmaram a partida e o destino de sua carga não foi revelado.
De acordo com o site, o navio deve seguir até o porto grego Kalamata, ao sul do Peloponeso, mas não há confirmação oficial.
Gibraltar havia ordenado a detenção do navio, suspeito de transportar petróleo para a Síria, em aplicação às sanções europeias contra o país em guerra.
O navio, que transporta 2,1 milhões de barris de petróleo, foi autorizado a deixar o território britânico após uma garantia de que a carga não seria entregue à Síria.
O petroleiro, antes denominado “Grace 1”, de bandeira panamenha, foi rebatizado como “Adrian Darya” para continuar sua viagem, desta vez com pavilhão iraniano.

Nenhuma base jurídica

Um comunicado publicado no domingo informou que as autoridades de Gibraltar, que fica no extremo sul da Espanha, rejeitaram o pedido de auxílio jurídico dos Estados Unidos.
“Em virtude do direito europeu, Gibraltar não pode fornecer a assistência solicitada pelos Estados Unidos”, afirma a nota oficial.
Nesta segunda-feira, depois que o “Adrian Darya” já havia deixado as águas de Gibraltar, o Irã anunciou que emitiu uma advertência aos Estados Unidos por meio da embaixada da Suíça em Teerã (que representa os interesses americanos no país, por Washington não ter laços diplomáticos com o governo iraniano) contra novas tentativas de bloqueio.
“O Irã enviou as advertências necessárias às autoridades americanas pelos canais oficiais para que não cometam erro semelhante, que teria graves consequências”, afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Abbas Musavi.
A decisão das autoridades de Gibraltar de liberar o petroleiro é um “golpe ao unilateralismo dos Estados Unidos”, completou.
“Os americanos não tiveram muito sucesso com suas sanções unilaterais, que não têm nenhuma base jurídica. Deveriam entender que a intimidação e o unilateralismo não vão a lugar nenhum no mundo atual”, declarou o porta-voz.
A retenção do petroleiro por Gibraltar e a Marinha britânica provocou uma crise diplomática entre Teerã e Londres.

Nenhum vínculo

O presidente americano Donald Trump retirou seu país em 2018 do acordo internacional que permitia monitorar a indústria nuclear iraniana, um texto negociado por seu antecessor Barack Obama com Irã, França, Rússia, China, Grã-Bretanha e Alemanha, e restabeleceu sanções draconianas contra Teerã.
Os europeus tentam persuadir o Irã a continuar respeitando o acordo, ao mesmo tempo que se esforçam para limitar o impacto das sanções americanas, que Washington deseja aplicar a todas as empresas que comercializam com o Irã, independente da nacionalidade.
A República Islâmica considera os esforços insuficientes e nas últimas semanas começou a ignorar alguns termos do acordo de 2015.
Nesta segunda-feira, Musavi rejeitou mais uma vez qualquer vínculo entre o bloqueio do petroleiro iraniano em Gibraltar e a retenção do petroleiro britânico “Stena Impero” no Golfo, interceptado em 19 de julho.
“Não existe nenhum vínculo entre os dois navios”, afirmou Musavi. “Aconteceram duas ou três violações marítimas cometidas por esta embarcação”.
Sobre o caso, “o tribunal está trabalhando nisto. Esperamos que a investigação termine o mais rápido possível e que o veredicto seja anunciado em breve”, completou.
O “Stena Impero” foi conduzido ao porto iraniano de Bandar Abbas por “não respeitar o código marítimo internacional”, afirmou Teerã.
O navio, que pertence a uma empresa sueca, tem uma tripulação de 23 pessoas, a maioria indianas e os demais das Filipinas, Letônia e Rússia.

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