Mundo
Irã apreende navio das Ilhas Marshall no Estreito de Ormuz, dizem EUA
O Irã capturou na sexta-feira, 14, um navio petroleiro registrado nas Ilhas Marshall que transitava pelo Estreito de Ormuz, conforme informações fornecidas por uma fonte dos Estados Unidos. A embarcação foi levada para águas sob controle iraniano, marcando a primeira grande intervenção desta natureza em vários meses em uma das principais rotas petrolíferas do mundo.
Um representante da defesa dos EUA, que preferiu permanecer anônimo, informou à agência Associated Press que o navio chamado Talara partiu de Ajman, nos Emirados Árabes Unidos, em direção a Singapura, quando foi interceptado por forças do Irã. Um drone MQ-4C Triton da Marinha norte-americana sobrevoou o local por horas na sexta-feira e documentou o ocorrido, conforme dados de rastreamento aéreo analisados pela Associated Press.
Até o momento, o governo de Teerã não confirmou a captura, que ocorre em um momento tenso, com o Irã reafirmando sua capacidade de retaliação depois do conflito de 12 dias com Israel, em junho, período em que instalações nucleares iranianas sofreram ataques dos EUA.
Segundo a empresa de segurança privada Ambrey, o episódio envolveu três embarcações pequenas que se aproximaram do Talara. O Centro de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO), vinculado às Forças Armadas britânicas, confirmou o incidente, mas indicou que uma possível ação estatal levou o Talara a adentrar águas iranianas.
A empresa Columbia Shipmanagement, baseada no Chipre, comunicou ter perdido contato com o petroleiro, que levava gasóleo com alto teor de enxofre. A companhia declarou que notificou as autoridades apropriadas e está colaborando intensamente com todas as partes envolvidas, incluindo agências de segurança marítima e o proprietário do navio, para restabelecer contato. A segurança da tripulação permanece como prioridade máxima.
A Marinha dos EUA atribui ao Irã uma série de ataques com minas magnéticas contra navios-tanque em 2019, que causaram danos a diversas embarcações, além de um ataque fatal com drone em 2021 contra um petroleiro ligado a Israel, que resultou na morte de dois tripulantes europeus.
Esses ataques ocorreram após o presidente Donald Trump retirar unilateralmente os EUA do acordo nuclear de 2015. A última grande apreensão similar havia sido em maio de 2022, quando o Irã confiscou dois petroleiros gregos, mantendo-os sob custódia até novembro daquele ano.
Estes episódios foram eclipsados pelos ataques do grupo rebelde Houthis, apoiado pelo Irã, contra embarcações durante a guerra entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza, o que comprometeu significativamente a navegação no estratégico corredor do Mar Vermelho. As tensões entre o Irã e países ocidentais, somadas ao conflito na Faixa de Gaza, desencadearam uma guerra de grande escala que durou 12 dias em junho.
O Irã há muito tempo ameaça bloquear o Estreito de Ormuz, uma passagem estreita que conecta o Golfo Pérsico ao oceano, por onde passa cerca de 20% do petróleo vendido globalmente. Para garantir livre circulação, a Marinha dos EUA patrulha a região há muitos anos por meio da sua 5ª Frota, baseada no Bahrein.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login