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Irã diverge no Brics ao rejeitar reconhecimento de Israel

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Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, manifestou a posição contrária do país em relação à Declaração dos Líderes do Brics divulgada no domingo, dia 6. O Irã reafirmou sua longa oposição à existência do Estado de Israel e defendeu o apoio exclusivo a um Estado Palestino unificado.

“A República Islâmica do Irã tem reservas quanto à proposta de dois Estados apresentada na declaração final dos líderes do Brics e comunicou essas reservas por meio de uma nota”, afirmou Araghchi, em um ato diplomático conhecido como explicação de voto em separado.

A declaração final do Brics manteve o tradicional apoio à ideia da existência de dois Estados.

Com a entrega da nota, o chanceler evitou impedir um consenso formal entre os países do Brics, o que indicaria mais divergências no grupo e representaria um revés diplomático para o Brasil.

Araghchi representou o presidente Masoud Pezeshkian, que cancelou sua viagem ao Rio de última hora devido ao conflito com Israel. O Irã já havia reservado 70 quartos em um hotel da Barra da Tijuca para a delegação presidencial.

Durante um almoço de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler iraniano reiterou a posição de seu país sobre a questão palestina, pedindo realismo por parte dos líderes mundiais diante da situação atual.

“Está claro que, enquanto a questão palestina não for resolvida de maneira justa, seu direito à autodeterminação garantido e os ataques do regime sionista contra os palestinos cessarem, a insegurança e a tensão continuarão na região, e a paz e estabilidade não serão alcançadas”, declarou o ministro.

Ele acrescentou que a solução de dois Estados, repetidamente defendida ao longo dos anos, não avançou e que o próprio regime israelense é o principal obstáculo para sua implementação.

Araghchi rememorou que desde a partilha da Palestina nas Nações Unidas, seu país sempre votou contra a proposta, alinhado à revolução islâmica que se refere a Israel como “regime sionista” devido à rivalidade histórica.

“O Irã acredita que uma solução justa para a Palestina seria um referendo com a participação de todos os habitantes originais, incluindo judeus, cristãos e muçulmanos, o que não é uma ideia irreal ou inatingível”, afirmou.

Comparando com o fim do apartheid na África do Sul, Araghchi sugeriu que o modelo de um Estado democrático onde negros e brancos convivem pacificamente deve ser seguido na Palestina.

“Nossa opinião é que a criação de um Estado único e democrático, onde judeus, muçulmanos e cristãos vivam juntos em harmonia, é a única solução justa. Sem justiça, o problema palestino não será resolvido, e sem isso, outros conflitos na região persistirão”, concluiu.

Em outro pronunciamento, o ministro agradeceu aos países do Brics que condenaram os ataques lançados pelos Estados Unidos e Israel.

“Quero expressar minha profunda gratidão aos membros do Brics que, conscientes de sua importante responsabilidade pela paz e segurança mundiais, repudiaram as agressões contra o Irã cometidas por dois regimes nucleares desde 13 de junho”, declarou.

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