Economia
Maior acesso à internet entre todas as classes sociais, mas desigualdade persiste
Atualmente, a maioria dos brasileiros tem acesso à internet, porém a qualidade e o tipo de conteúdo acessado ainda variam bastante, especialmente conforme a renda familiar. Segundo a pesquisa TIC Domicílios divulgada em 9 de maio de 2023, 86% dos domicílios brasileiros já possuem conexão com a internet, um recorde desde 2015, quando o índice era de 51%. Isso representa cerca de 157 milhões de usuários, chegando a 163 milhões quando incluídos acessos indiretos por aplicativos.
O crescimento nos últimos dez anos se deve principalmente à expansão do acesso entre as classes mais pobres. Em 2015, apenas 15% dos lares das classes D e E tinham acesso à rede; em 2025, esse índice subiu para 73%, incluindo um avanço de 5 pontos percentuais no último ano.
O acesso via cabo ou fibra óptica tornou-se o principal meio de conexão, utilizado por 73% da população. Contudo, esse método ainda é menos comum nas classes D e E, onde apenas 60% utilizam essa tecnologia, revelando uma desigualdade no acesso.
Desigualdades financeiras
A disparidade econômica ainda é um dos maiores obstáculos para o acesso. Nas classes A e B, o acesso à internet é quase universal, com 99% e 95% respectivamente. Já na classe C, o índice cai para 86%, e nas classes D e E, a 73%, o que significa que um quarto dessas famílias continuam sem acesso.
As classes D e E utilizam predominantemente o acesso via celular, com 87% das pessoas dessas classes conectadas exclusivamente por seus telefones, superando em uso as páginas da web e redes sociais. A pesquisa também destacou a crescente popularidade das plataformas de governo digital, usadas principalmente para serviços de saúde e obtenção de documentos.
Nas áreas rurais, o acesso cai para 77%, e a escolaridade influencia fortemente o uso da internet: 98% das pessoas com ensino superior acessam a internet, contra 91% com ensino médio e 74% com ensino fundamental. A idade também é um fator decisivo, com mais de 90% dos brasileiros entre 10 e 44 anos conectados. Entre as pessoas com mais de 45 anos, o número reduz para 86%, e em 60 anos ou mais, cai para 54%.
A pesquisa avaliou pela primeira vez a qualidade dos pacotes de dados móveis. A maioria (55%) considera que seus pacotes são suficientes, mas um número significativo relata redução de velocidade e necessidade de contratar pacotes adicionais, especialmente nas classes D e E.
Uso da internet pelos brasileiros
Nos anos de 2023 e 2024, o acesso à internet no Brasil teve ênfase na comunicação: 92% das pessoas enviam mensagens instantâneas, 81% realizam chamadas de vídeo e 80% utilizam redes sociais. Embora tenha diminuído o uso para assistir a filmes (de 77% para 71%) e para compartilhamento de conteúdo (de 67% para 62%), o pagamento via Pix apareceu pela primeira vez consolidado, com 75% das pessoas utilizando essa função.
Outro uso medido pela pesquisa foi a prática de apostas online, com 19% da população conectada para esse fim, predominando o público masculino. Entre eles, 25% participam de cassinos online, rifas, apostas esportivas e loterias federais.
O uso da Inteligência Artificial (IA) generativa também foi avaliado pela primeira vez: 32% dos brasileiros já utilizam essas ferramentas, sendo mais comum entre homens (35%) e com diferenças significativas conforme a escolaridade e a classe social. Por exemplo, 59% entre os com ensino superior e 69% na classe A usam IA, enquanto apenas 17% entre os com ensino fundamental e 16% nas classes D e E a utilizam.
O uso da IA também varia por faixa etária, sendo mais alto entre jovens de 16 a 24 anos (55%) e decrescendo gradativamente até atingir níveis muito baixos em pessoas com mais de 60 anos. Entre os usuários de IA, 84% a utilizam para uso pessoal, 53% para estudos e pesquisas acadêmicas, e 50% para fins profissionais, especialmente entre trabalhadores com ensino superior, em que 69% usam IA para o trabalho.
Governo digital em destaque
A plataforma de serviços públicos gov.br é amplamente utilizada por 56% da população brasileira, apresentando uma adesão maior nas classes mais altas (94% na classe A) e menor nas classes D e E (35%). Também há diferenças regionais, com uma média de uso entre 57% e 60%, mas apenas 48% entre os moradores do Nordeste.


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