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Maioria dos brasileiros vítimas de trabalho forçado está no Sudeste Asiático

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) divulgou nesta sexta-feira (4) o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas, apresentando dados sobre casos de recrutamento para trabalho forçado em países do sudeste asiático.

Natália Maciel, consultora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), destacou durante a apresentação do relatório: “A maior parte dos brasileiros submetidos a condições análogas à escravidão no exterior, em 2024, está envolvida em trabalho em plataformas digitais de apostas, localizadas em países asiáticos.”

O relatório foi elaborado a partir da análise integrada de informações de diferentes órgãos públicos, incluindo consulados e embaixadas brasileiras. Em 2023, dos 63 casos de tráfico internacional com fins de trabalho escravo envolvendo brasileiros, a maior parte foi registrada em três países do sudeste asiático: Filipinas (32%), Laos (17%) e Camboja (11%).

Natália Maciel enfatizou a predominância desses países na ocorrência dos casos, embora tenha apontado também a presença de registros na Bélgica (6%), Itália (5%) e Nigéria (8%), onde o tipo de exploração é semelhante ao do sudeste asiático. Ressaltou ainda que os dados abrangem somente as vítimas que conseguiram acessar órgãos públicos, pois há grande subnotificação nesse grave problema de violação dos direitos humanos.

O crescimento dos casos de brasileiros traficados para trabalho forçado no sudeste asiático já fora observado no relatório anterior, que abarcou dados de 2021 a 2023. O documento indica que, há mais de uma década, organizações criminosas atuam especialmente no Camboja e em Mianmar com operações fraudulentas e, a partir de 2021, passaram a utilizar vítimas de tráfico em tais operações.

Em 2022, denúncias indicaram que brasileiros foram mantidos em cárcere privado no Camboja, atraídos por falsas ofertas de emprego com salários na casa de R$ 4,6 mil. Em função desses e de outros incidentes em 2023, os órgãos federais estabeleceram um Protocolo Operativo Padrão para assistência às vítimas brasileiras de tráfico internacional.

No início deste ano, o caso ganhou repercussão com a fuga de dois brasileiros, Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, após cerca de um ano em trabalho forçado em Mianmar. O Itamaraty expressou preocupação com o aumento expressivo das vítimas brasileiras na região e relatou que frequentemente elas são recrutadas por redes sociais para trabalhar na Tailândia, sendo depois levadas irregularmente a países como Mianmar, Laos e Camboja, onde são obrigadas a participar de fraudes online, incluindo jogos de azar, golpes com criptomoedas e relacionamentos falsos.

Os relatórios indicam que a maioria das vítimas são homens jovens atraídos por falsas vagas em empresas de tecnologia ou call centers no sudeste asiático, o que explica a mudança no perfil de gênero das vítimas. Natália Maciel explicou que, enquanto anteriormente prevaleciam mulheres vítimas de exploração sexual, atualmente predominam homens vítimas de exploração laboral.

Para ajudar a identificar situações suspeitas, o Itamaraty, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, produziu um folheto informativo destinado a quem pretende viajar para o sudeste asiático a trabalho ou já está na região. O material orienta sobre como reconhecer e agir diante de possíveis casos de tráfico de pessoas.

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