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Ministros ucranianos deixam cargos após escândalo de corrupção
Os titulares das pastas de Energia e Justiça da Ucrânia entregaram seus pedidos de demissão nesta quarta-feira (12), logo após o mandatário Volodimir Zelensky afirmar que ambos deveriam se afastar dos cargos devido à suposta ligação deles com um caso de corrupção no setor de energia nacional.
As investigações apontam que um colaborador próximo de Zelensky organizou um esquema para desviar fundos estimados em 100 milhões de dólares (aproximadamente 540 milhões de reais). Tal revelação causou revolta entre os cidadãos, que enfrentam constantes interrupções no fornecimento de energia em decorrência dos ataques russos.
A corrupção é um problema antigo na Ucrânia e o combate a estas práticas é visto como requisito essencial para a entrada do país na União Europeia.
Zelensky declarou que o ministro da Justiça, German Galushchenko, e a ministra da Energia, Svitlana Grynchuk, deveriam renunciar aos seus cargos.
Os investigadores indicam que o ex-ministro financeiro do setor energético teria obtido vantagens pessoais do esquema. Contudo, ainda não há acusações formais contra os dois envolvidos, nem evidências de que a ministra tenha se beneficiado.
Segundo Zelensky, “o ministro da Justiça e a ministra da Energia não podem permanecer em suas funções”, conforme vídeo divulgado nas redes sociais.
Logo após, ambos apresentaram suas renúncias, conforme informou a chefe do governo ucraniano, Yulia Svyrydenko.
As renúncias ainda necessitam de aprovação no Parlamento da Ucrânia.
As denúncias recentes referem-se a propinas relacionadas a contratos da Energoatom, empresa estatal responsável pela energia nuclear e principal fornecedora elétrica do país.
Reações da População
Um jovem de 24 anos, identificado como Davyd, comentou à AFP: “Enquanto as pessoas se esforçam para apoiar o Exército, alguns guardam dinheiro ilegalmente”. Ele expressou dúvidas sobre o impacto do escândalo no suporte da União Europeia a Kiev.
Já Olena Boikova, de 57 anos, manifestou sua revolta e chamou os envolvidos de “inimigos internos”.
Antes da renúncia dos ministros, Zelensky destacou que “é inadmissível que existam esquemas de corrupção no setor energético” enquanto os cidadãos enfrentam cortes frequentes por conta dos ataques.
Investigações e Implicados
As apurações indicam que o esquema foi idealizado por Timur Mindich, coproprietário da produtora Kvartal 95, criada por Zelensky em sua época de comediante.
Mindich deixou o país antes das acusações se tornarem públicas, informou o serviço de fronteiras ucraniano.
Zelensky não comentou sobre o envolvimento direto de Mindich, mas a primeira-ministra anunciou sanções contra ele e outro empresário chamado Oleksandr Tsukerman.
Contexto Político
Esse incidente desafia Zelensky, que é visto por alguns como centralizador e que teria limitado a oposição desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Em julho, ele propôs uma lei ao Parlamento para diminuir a autonomia dos órgãos anticorrupção, mas após críticas e protestos, a proposta foi retirada.

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