Moraes pede ‘foto do dia’ após defesa alegar ausência de tenente em Brasília

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou nesta quarta-feira (12) a apresentação de provas feitas pela defesa de um dos nove réus do chamado “núcleo três” da organização golpista, composta por membros das forças de segurança, incluindo o grupo de elite conhecido como “kids pretos” do Exército. O julgamento acontece na Primeira Turma do STF.

Durante a sustentação oral do advogado Jeffrey Chiquini, defensor do tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo, Moraes indagou por que o advogado trouxe fotos do cliente somente do dia anterior ao plano que incluía o sequestro e assassinato de um magistrado, mas não do dia exato, 15 de dezembro de 2022.

“O senhor anexou uma foto de um dia antes do aniversário, em um jantar com amigos. Não teria uma imagem do dia do aniversário dele? Afinal, todos costumam tirar fotos neste dia”, questionou o ministro.

O advogado explicou que as imagens foram extraídas do celular do réu, apreendido pela Polícia Federal. Então, Moraes perguntou:

“Não haveria nenhuma fotografia no aparelho da esposa?”

Chiquini solicitou então ter acesso ao laudo completo do celular do réu.

“Eu não tenho o laudo ainda. Estou buscando a prova fundamental. Que tipo de processo é este? O delegado da Polícia Federal tem o aparelho do réu em mãos. Nem na Lava Jato isso ocorreu. Onde está o laudo do celular?”, indagou o advogado.

As investigações indicam que Azevedo participou da ação clandestina destinada a prender e eliminar o ministro Moraes. O inquérito registra que um dos aparelhos usados na operação, chamada “Copa 2022”, foi associado a um número telefônico registrado no nome do militar duas semanas após o evento.

Porém, o militar afirmou que não estava em posse do telefone até 29 de dezembro e que o achou guardado entre outros aparelhos antigos, usados em missões do Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, local onde está a base dos “kids pretos”.