Tecnologia
Novo aplicativo conecta doadores de sangue a hemocentros
O objetivo é interligar potenciais doadores e hemocentros, permitindo o acionamento rápido do doador mais próximo, através da geolocalização
Sorocaba – No Brasil, somente 1,8% da população entre 16 e 69 anos doa sangue, quando o ideal é que entre 3% e 5% da população de um país seja doadora, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A cada dois minutos, um brasileiro precisa de sangue, porém só seis em cada dez doadores são voluntários e doam com frequência. Os outros quatro são doadores de reposição, ou seja, só doam quando um amigo ou parente precisa de sangue.
Sorocaba, no interior de São Paulo, lança nesta terça-feira, 13, um aplicativo para smartphones que torna o processo de doação mais acessível à população. Também ficará mais fácil para quem precisa de sangue encontrar os doadores. Doação: O que preciso saber antes de doar sangue?
Desenvolvido pela startup sorocabana Time do Sangue, o aplicativo interliga potenciais doadores e hemocentros, permitindo o acionamento rápido do doador mais próximo, através da geolocalização, sempre que alguém precisa de sangue.
O sistema também poderá ser usado em campanhas para atender situações de emergência, por exemplo, onde há demanda inesperada de doações.
O aplicativo entra em operação nesta quarta-feira, 14, Dia Mundial do Doador de Sangue, atendendo inicialmente onze hemonúcleos vinculados à Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan), incluindo os hemonúcleos de Sorocaba, Santo André (Hospital Mário Covas e Centro Hospitalar), São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Jundiaí e Santos, além de quatro hemonúcleos da capital (Hospital do Servidor Público Municipal, na Aclimação, e hospitais municipais do Tatuapé, Ermelindo Matarazzo e Campo Limpo). Juntos, eles atendem quase 80% da população do Estado.
Inicialmente, o aplicativo pode ser baixado em smartphones com a plataforma Android, mas em alguns dias será acessível também no sistema Apple. Conectado à rede de forma remota, não ocupa muito espaço, segundo Juliana Aguiar, uma das idealizadoras do projeto.
“O cadastro é feito através do próprio aplicativo, sem burocracia e respeitando o tempo do doador. Ele (doador) também pode carregar laudos de exames e documentos pessoais em sua pasta no aplicativo, com todo sigilo e segurança”, diz.
Juliana e a sócia Kelle Petreche desenvolveram o aplicativo depois de terem vivido na pele o problema dos baixos estoques, filas e sazonalidade de doações enfrentado pelos hemocentros.
As duas amigas tiveram problemas graves de saúde que exigiram transfusões de sangue e viram as dificuldades dos hemocentros.
“Há épocas em que faltam doadores e outras em que há excesso, quando há campanhas, por exemplo. Como a estrutura é a mesma, quando o número de doadores é grande, a espera aumenta e, aquele que espera duas horas ou mais, acaba desistindo. Pensamos em um jeito de retribuir o que fizeram por nós.”
Com o agendamento da doação online, além de eliminar a espera, o hemonúcleo controla melhor o número de ações realizadas e pode estimular novas doações. O aplicativo também facilita a localização de doadores para tipos de sangue mais raros, o que hoje demanda buscas demoradas por telefone.
Para a médica hematologista da Colsan, Maria Goretti de Araújo Marques, o aplicativo deve contribuir na organização dos estoques dos hemocentros.
“Quando o estoque estiver baixo para determinado tipo de sangue, bastará clicar nesse tipo que os doadores serão acionados e podem agendar a doação sem filas.”
O programa também vai permitir o mapeamento geográfico das doações, segundo a pesquisadora Vanessa Simonetti, mestranda da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e colaboradora do Time do Sangue.
“Através do aplicativo, vamos saber qual a região tem mais ou menos doadores e, a partir desses dados, podemos fazer campanhas dirigidas para aumentar a doação. Também será possível investigar as causas da ausência de doadores em determinadas áreas e desenvolver políticas públicas voltadas para essa população.”
A adesão e o uso do aplicativo são gratuitos. O programa tem apoio da prefeitura de Sorocaba e ainda este ano deve ser ‘exportado’ para outros Estados brasileiros.
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