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ONU apoia solução de dois Estados para o conflito no Oriente Médio

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A proposta de criação de dois Estados para resolver o conflito entre Israel e Palestina, que dura mais de setenta anos, ganhou forte apoio na ONU nesta segunda-feira (28) durante uma conferência ministerial da Assembleia Geral, que foi boicotada por Estados Unidos e Israel.

Após quase dois anos de guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, Jean-Noël Barrot, chanceler da França, afirmou: “Somente uma solução política de dois Estados pode atender às legítimas aspirações de israelenses e palestinos de viverem em paz e segurança. Não há outra opção”.

Ele enfatizou ainda que “é ilusório esperar um cessar-fogo duradouro sem uma visão conjunta para o pós-guerra em Gaza, sem definir um futuro político e uma alternativa ao estado permanente de guerra”.

A reunião, conduzida pela França e pela Arábia Saudita, aconteceu quatro dias após o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar que seu país reconhecerá oficialmente o Estado palestino na próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro.

O Luxemburgo também sinalizou que pode seguir esse exemplo, e outros países poderão fazer anúncios semelhantes quando a conferência for retomada nesta terça-feira.

Atualmente, pelo menos 142 dos 193 membros da ONU reconhecem o Estado palestino proclamado pelos líderes palestinos no exílio em 1988, segundo pesquisa da AFP.

No entanto, Estados Unidos e Israel não participaram da reunião. O Departamento de Estado dos EUA classificou o encontro como um “truque publicitário” que atrapalhará os esforços pela paz e que é uma “recompensa ao terrorismo”. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou que a conferência “não avança uma solução”.

Por outro lado, o chanceler saudita, príncipe Faisal bin Farhan, demonstrou confiança de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será “um catalisador para resolver a crise imediata em Gaza e, possivelmente, para solucionar o conflito palestino-israelense a longo prazo”.

Ele acrescentou que “um Estado palestino independente é fundamental para a paz na região” e que sua criação é condição para a normalização das relações entre seu país e Israel.

Para o chanceler espanhol, José Manuel Albares, tanto israelenses quanto palestinos “têm direito a um futuro seguro e pacífico”.

Distância crescente

Porém, mais de 21 meses de guerra em Gaza, a expansão contínua dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e declarações de autoridades israelenses sobre anexação de territórios ocupados aumentam o receio de que um Estado palestino se torne inviável geograficamente.

O conflito atual começou após um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que respondeu com uma grande ofensiva militar que causou dezenas de milhares de mortes e destruiu grande parte da infraestrutura da região.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que “a solução de dois Estados está mais distante do que nunca”.

Ele foi enfático: “A anexação sorrateira da Cisjordânia é ilegal e deve ser interrompida. A destruição em larga escala de Gaza é inadmissível e precisa cessar”.

Guterres denunciou as ações unilaterais que podem comprometer definitivamente a possibilidade da solução de dois Estados.

Em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução para dividir a Palestina, então sob mandato britânico, em um Estado judeu e outro árabe. No ano seguinte, o Estado de Israel foi proclamado.

Durante décadas, a maioria dos membros da ONU apoiou a criação de dois Estados, com Israel e um Estado palestino coexistindo lado a lado.

Pedido de desarmamento do Hamas

A conferência também enfocou na reforma da governança da Autoridade Palestina, no desarmamento do Hamas e na exclusão do grupo do governo palestino, bem como na normalização das relações entre Israel e os Estados árabes que ainda não estabeleceram laços diplomáticos.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, pediu ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza, que “entregue as armas e devolva o controle” à Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia. Ele também solicitou a retirada total de Israel do território.

O Estado palestino está disposto a “assumir total responsabilidade pelo governo e segurança em Gaza, com apoio árabe e internacional”, destacou Mustafa.

No momento, a pressão internacional está voltada a Israel para que encerre a guerra, que começou após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, diante das imagens de fome generalizada e devastação em Gaza.

Principais ONGs israelenses, como B’Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos, afirmam que as ações de Israel na Faixa de Gaza configuram um “genocídio”, conforme suas próprias investigações.

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