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Parágrafo separado resolve debate no Conselho de Segurança da ONU em declaração dos Brics

Um parágrafo separado foi a solução adotada para superar um dos maiores desafios nas negociações da declaração final da Cúpula dos Brics.
Esse recurso ajudou a superar a resistência de alguns dos novos membros em apoiar o pedido de Brasil, Índia e África do Sul por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Para acomodar as diversas posições, um parágrafo foi incluído, mostrando o apoio de China e Rússia às aspirações de Brasil e Índia, segundo fontes próximas às negociações consultadas pelo Globo.
Os demais membros reafirmam o suporte à reforma do Conselho de Segurança, porém sem mencionar países específicos. Essa abordagem foi adotada para apaziguar a oposição de vários países, muitos dos quais também desejam um assento permanente ou preferem diferentes formatos para a reforma.
Egito e Etiópia mostraram resistência por não haver consenso sobre qual nação africana deve ocupar a cadeira, mas não foram os únicos obstáculos. Um diplomata da Indonésia revelou ao Globo que o país também se considera candidato a um assento permanente e não tem pressa em definir a nova composição do Conselho.
Para um diplomata brasileiro, essa solução é positiva, pois mantém o espírito de apoio à reforma e ao pleito de Brasil e Índia, além de garantir que o texto da declaração final não fique travado por falta de consenso.
Se essa versão for confirmada como o texto final, será um avanço modesto para o Brasil, que evita uma derrota embaraçosa no cenário interno, embora não represente um progresso decisivo.
O apoio do Brics a Brasil, Índia e África do Sul no pedido de uma cadeira permanente no Conselho foi incluído inicialmente na cúpula de Johannesburgo em 2023, representando uma conquista diplomática para esses países.
No entanto, no encontro seguinte em Kazan, Rússia, o trecho foi suavizado. Novos membros se opuseram e a menção tornou-se mais genérica, referindo-se a “países da África, Ásia e América Latina” — apesar do apoio explícito a Brasil, Índia e África do Sul ter sido uma condição para a adesão dos novos membros.
Com a entrada dos novos membros africanos nos Brics, a posição da África do Sul ficou mais complexa, pois está alinhada à posição oficial da União Africana, estabelecida em 2005.
Essa posição prevê que o continente africano deve ter ao menos dois assentos permanentes com direito a veto, além de cinco assentos não permanentes no Conselho de Segurança.

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