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Paris reabre o rio Sena para nadar após mais de 100 anos com novas regras

Quase um ano depois da conquista dos atletas olímpicos, os primeiros nadadores voltaram a mergulhar nas águas do Sena neste sábado, no centro de Paris, permitindo que a natação fosse praticada no rio pela primeira vez desde 1923. Antes mesmo das 8h da manhã, dezenas de pessoas com boias amarelas na cintura esperavam ansiosamente em uma das três áreas designadas para nadar, que são espaços equipados com pontões, escadas, chuveiros e vestiários, semelhantes a piscinas.
Localizadas próximas à Torre Eiffel ou em frente à Île Saint-Louis, não longe da Catedral de Notre-Dame, essas instalações gratuitas estarão disponíveis para moradores e turistas, oferecendo uma área de lazer e descanso na cidade.
— Estou realmente surpresa — afirmou Karine, cuidadora de 51 anos e uma das primeiras a entrar na água. — Pensei que a água estaria muito fria, mas está muito boa e agradável.
Como parte do legado dos Jogos Olímpicos, a oportunidade de nadar no Sena também reflete a necessidade de adaptação às mudanças climáticas em Paris, que recentemente enfrentou temperaturas próximas a 40°C devido a uma onda de calor precoce na Europa.
— Paris tem a vantagem de estar à frente do seu tempo, pois diante do calor intenso, que só tende a aumentar, investir em áreas naturais para natação é fundamental — ressaltou a prefeita Anne Hidalgo, presente na inauguração. — É um sonho de infância proporcionar às pessoas a chance de nadar no Sena.
O acesso às áreas de banho é gratuito e estará disponível até 31 de agosto, desde que as condições climáticas permitam. Entretanto, há um limite rígido de capacidade que varia entre 150 e 700 pessoas, dependendo do local.
Testes e Monitoramento
As autoridades investiram mais de 1,4 bilhão de euros para melhorar a qualidade da água rio acima, com projetos para evitar o despejo de águas residuais no Sena.
Porém, como as águas pluviais e residuais são coletadas em uma única rede, em caso de chuvas fortes, o despejo direto no rio é inevitável.
Durante os Jogos Olímpicos do ano passado, isso levou ao atraso de alguns eventos aquáticos devido à contaminação da água.
Assim como nas praias, um sistema de bandeiras indica a qualidade da água e o fluxo do rio: verde, amarela ou vermelha. Se a bandeira vermelha for exibida, a natação será proibida.
As três áreas abertas serão rigidamente supervisionadas, e os nadadores deverão passar por um teste para comprovar sua capacidade de nadar sem ajuda.
— Há risco de afogamento causado pela lama, plantas aderentes, fortes correntes e tráfego fluvial — alertou a subprefeita Elise Lavielle.
Em 2023, foram registradas treze mortes no Sena, enquanto neste ano o número caiu para três.
Apesar do calor intenso do verão incentivar o contato com a água fora das áreas autorizadas, leis em vigor desde o final de junho penalizam quem desrespeitar as normas.
A cidade, que é o principal porto fluvial da Europa para transporte de passageiros, intensificará a fiscalização dos pilotos de embarcações.
Para 2025, o trabalho contínuo de descontaminação sugere a abertura de novas zonas de banho nos arredores de Paris. Até o momento, outros quatro locais foram liberados no rio Marne, o principal afluente do Sena.

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