A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão pela manhã desta sexta-feira (2) no Palácio do Buriti. A ação buscou documentos e computadores na Casa Militar – instituição criada para garantir a segurança da governadoria. Paralelamente, a polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão em gabinetes da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, em um desdobramento da operação Drácon, que afastou deputados suspeitos de receber propina.
Obrigado a prestar depoimento, o coronel da Polícia Militar João Dias é um dos alvos desta operação. Dias é investigado por supostamente apresentar vídeos forjados sobre a denúncia de que recebeu cerca de R$ 150 mil de pessoas ligadas ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT) para não falar sobre sua relação com o político. À época, em 2011, a assessoria do ex-governador classificou as denúncias de “fantasiosas”.
O dinheiro, segundo o PM, veio dos cofres públicos, por meio de emenda do deputado distrital Agacial Maia (PR), oferecido por Paulo Tadeu, ex-secretário de governo e atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Agaciel Maia e Paulo Tadeu negaram as denúncias.
“São R$ 150 mil vindos do cofre público deBrasília através do senhor Agaciel Maia, Paulo Tadeu e GDF [com o objetivo de] tentar me calar, de cooptar, de fazer acordo, de me prometer outros favores, de me dar cargos no governo”, disse Dias.
No dia em que “invadiu” o Buriti, ele disse que foi devolver o dinheiro a Paulo Tadeu. Na ocasião, ele supostamente agrediu servidoras e um PM, e jogou maços de dinheiro na mesa de Tadeu. Ele chegou a ser processado por agressão, mas foi absolvido em fevereiro de 2012.
Outro alvo da operação é o coronel Cirlândio Martins dos Santos, que foi exonerado como chefe de gabinete da Casa Militar em 24 de agosto. As buscas no Buriti foram no gabinete que era ocupado por Santos e que ainda continham objetos pessoais dele. A polícia apura o envolvimento do militar com o episídio da invasão. A Casa Militar informou que não iria “obstacularizar” as investigações.
Delator de um suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte que levou à demissão do ex-ministro Orlando Silva, João Dias foi candidato a deputado distrital em 2006. Preso em abril de 2010, ele é suspeito de desviar R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo por meio de entidades esportivas que ele comandava.
Operação na Câmara
O foco dos policiais e dos promotores na Câmara era buscar documentos nos gabinetes dos deputados que faziam parte da Mesa Diretora, hoje afastada pela Justiça. Presidente em exercício da Câmara Legislativa, o deputado Juarezão (PSB) disse que os policiais tinham restringido o acesso à Casa. “É claro que cria um constrangimento, mas tem que deixar fazer a operação.”
A operação Drácon investiga se os deputados da Mesa Diretora foram beneficiados em troca de liberação de verbas de emendas parlamentares destinadas a empresas que prestam serviços de UTI.
A ação foi motivada pelas denúncias da deputada Liliane Roriz (PTB) de que a presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), articulou um esquema de pagamento de propina e desvio de recursos de emendas parlamentares que seriam usados para pagar contratos de gestão de UTIs.
Os principais alvos da operação policial são os membros afastados da Mesa Diretora: Celina Leão, o primeiro-secretário, Raimundo Ribeiro (PPS), o segundo, Júlio César (PRB), e o terceiro, Bispo Renato Andrade (PR). Também é alvo o deputado Cristiano Araújo (PSD), suspeito de articular o esquema de recebimento de propina. Todos negam envolvimento com irregularidades.
Nos áudios feitos por Liliane, Celina fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, parte dos recursos foram repassados a deputados da Mesa Diretora.
Em nota, Bispo Renato Andrade diz que “confia nas investigações” e “reafirma que foi citado indevidamente por terceiros”.
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