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Por que a briga pela Warner continua após anúncio da compra pela Netflix

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Três dias após a Netflix informar a compra da Warner Bros. Discovery por US$ 82,7 bilhões (incluindo dívidas), surgiu um novo capítulo na disputa no mercado de mídia. A Paramount, liderada pelo bilionário David Ellison, conhecido por sua proximidade com o presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma oferta agressiva de US$ 108,4 bilhões (considerando recursos e dívida).

Uma oferta agressiva é um lance inesperado, sem o aval da diretoria da empresa alvo. Agora, os acionistas da Warner têm até 8 de janeiro para decidir sobre a proposta.

As ofertas apresentam diferenças significativas. A Netflix quer adquirir o estúdio e a plataforma de streaming HBO Max. Para isso, a Warner teria até o terceiro trimestre de 2026 para se dividir em duas empresas, ficando fora do negócio os canais de TV a cabo como CNN e TNT. Já a Paramount quer comprar a empresa toda.

Independentemente da escolha dos acionistas, a aprovação dos órgãos reguladores será necessária. A proposta da Netflix levanta questões sobre concentração no mercado de streaming, já que a Netflix lidera com mais de 300 milhões de assinantes e a HBO Max possui 128 milhões. A união com a Paramount, que tem 79,1 milhões de assinantes, implica menor concentração.

Por outro lado, a oferta da Paramount reúne grandes estúdios, empresas de TV a cabo e redes de notícias (CNN e CBS News), o que também estará sob análise rigorosa dos reguladores.

O anúncio da guerra de ofertas afetou ações: Netflix caiu 3,4%, Paramount subiu 9% e Warner avançou mais de 4%. Executivos da Netflix, incluindo os co-CEOs Ted Sarandos e Greg Peters, expressaram confiança na aprovação da compra, chamando a oferta da Paramount de esperada e acreditando ter vantagem junto aos reguladores. Eles também garantiram a continuidade dos lançamentos da Warner nos cinemas.

Ted Sarandos declarou estar satisfeito com o acordo, dizendo que é positivo para acionistas, consumidores e para a indústria do entretenimento.

A proposta da Netflix recebeu críticas da indústria cinematográfica, já que a Warner representa 25% da bilheteria dos cinemas. A Netflix, embora lance filmes em cinemas, foca principalmente em streaming, ao contrário da Warner.

David Ellison aproveitou a resistência da indústria para anunciar que sua oferta visa fortalecer Hollywood, beneficiando criativos, consumidores e o cinema.

Antes do acordo da Netflix, a Paramount afirmou que a Warner conduziu um processo de venda unilateral, que favoreceu um só comprador. A Warner garantiu que cumpriu suas obrigações e atraiu também interesse da Comcast, dona da NBCUniversal.

Ellison disse que levou a oferta direto aos acionistas após a Warner não responder seus contatos e criticou a aprovação da oferta da Netflix, comparando a competição no streaming ao mercado de bebidas, onde concorrentes coexistem.

Se a oferta da Netflix não for aprovada, ela terá de pagar multa de US$ 5,8 bilhões à Warner. Se a Warner aceitar outra proposta, terá que pagar US$ 2,8 bilhões à Netflix.

Além da concentração de mercado, a disputa envolve aspectos políticos. Donald Trump, que costuma jogar rivais uns contra os outros, não declarou preferência clara, mas demonstrou preocupação com a concentração da Netflix no mercado e criticou a Paramount em redes sociais.

Segundo reports do New York Times, funcionários da CNN temem mudanças editoriais se a Paramount assumir, já que isso representaria junção das redes CNN e CBS News.

Ellison, seu pai e outros aliados financiam a oferta da Paramount, apoiada também por fundos soberanos árabes e private equity de Jared Kushner, genro de Trump. Esses grupos renunciariam a direitos de voto para facilitar aprovação em Washington.

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