Conecte Conosco

Centro-Oeste

Seis mortos em incêndio em clínica irregular que sedava pacientes sem receita

Publicado

em

As investigações realizadas pela 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá revelaram que 21 pacientes internados na chácara do Instituto Terapêutico Liberte-se foram sedados sem prescrição médica e trancados com cadeados quando o local foi tomado por chamas.

O incêndio, ocorrido em agosto deste ano no Paranoá (DF), resultou em seis vítimas fatais e mais de doze feridos.

Segundo o delegado-chefe da 6ª DP, Bruno Cunha, os pacientes recebiam medicação irregularmente pelos monitores. O psiquiatra responsável pelas consultas online afirmou que as receitas médicas tinham validade de 30 dias e, nesse período, a medicação era administrada conforme prescrição. Após esse prazo, os sedativos foram aplicados sem receita, gerando irregularidade no tratamento.

As vítimas estavam trancadas nos alojamentos no momento do incêndio, o que dificultou a evacuação. A sedação aplicada reduziu ainda mais a capacidade de fuga das pessoas.

Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos foram algumas das vítimas que morreram carbonizadas. Além deles, Luiz Gustavo Ferrugem Komka faleceu após três semanas internado devido à inalação de fumaça.

A unidade do Instituto Liberte-se funcionava sem autorização legal, segundo a Secretaria DF Legal. O proprietário, Douglas Costa Ramos, assumiu que a única saída da clínica estava trancada com cadeado para evitar furtos, e confirmou a ausência das licenças necessárias.

Os responsáveis alegaram que os sedativos serviam para manter os internos tranquilos, e o trancamento visava evitar fugas ou furtos. As janelas com grades impediam rotas alternativas de saída, agravando a situação.

Além disso, a polícia apurou que os pacientes eram submetidos a castigos físicos e proibidos de contato com familiares.

A perícia não conseguiu determinar a causa exata do fogo, mas suspeita que o uso de cigarros e um isqueiro encontrados no local possam ter iniciado as chamas. A hipótese de um curto-circuito foi descartada.

Cinco pessoas foram indiciadas, incluindo dois administradores e dois monitores, pelos crimes de homicídio doloso, tentativa de homicídio, cárcere privado, maus-tratos e exercício ilegal da profissão.

A clínica operava sem alvará e sem liberação do Corpo de Bombeiros. Dois dos responsáveis, Douglas Costas de Oliveira Ramos e sua esposa Jockcelane Lima de Sousa, estão presos preventivamente, enquanto outro administrador está foragido.

Os depoimentos evidenciaram que o centro de reabilitação não possuía medidas básicas de segurança contra incêndios, como saídas de emergência, detectores de fumaça, sistema de vigilância, plano de evacuação ou extintores, contribuindo para a tragédia.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados