Notícias Recentes
Sem assistência, pai faz o parto da filha em hospital

Mulher não consegue esquecer o que viveu no HRS. Secretaria de Saúde nega negligência médica
“Vamos te contratar para ser parteiro aqui”. Em tom de brincadeira, foi isso que o autônomo Wander Alves de Oliveira, 33 anos, diz ter ouvido de uma funcionária do Hospital Regional de Sobradinho (HRS) há uma semana. O problema é que o momento não era para piadas. Wander, sozinho e sem nenhuma equipe médica, tinha acabado ajudar a esposa, a dona de casa Marysol Vieira Pimentel, 27, a dar à luz em um quarto escuro da unidade.
Yasmim veio ao mundo na madrugada de quinta-feira da semana passada sem nenhuma assistência do HRS, segundo a família. Para piorar, assim que nasceu, a criança caiu de lado na maca e, por isso, teve que passar por uma bateria de exames para verificar seu estado de saúde.
“Ela escorregou na maca de ferro. Se meu marido não estivesse lá, ela teria caído no chão. Mesmo assim, ela bateu o corpo e teve que fazer raio X. Por sorte, minha filha está saudável”, disse Marysol.
Ela conta que deu entrada no hospital por volta das 3h e foi bem atendida pela equipe de plantão. “Uma médica me recebeu superbem, me internou e até me desejou boa sorte. O problema foi depois que houve a troca de plantão. Me colocaram em uma sala escura, eu gritava de dor, sentia uma contração atrás da outra. Meu esposo foi o único que ficou comigo nessa sala. Não foi por falta de equipe, foi total falta de interesse do hospital”, detalhou a mãe à reportagem do Jornal de Brasília.
Apelo não foi atendido, diz mãe
Marysol recebeu alta na última terça-feira, mas afirma que não consegue esquecer o que viveu no HRS. Segundo a dona de casa, durante o trabalho de parto, o marido teve que ir em casa para deixar o filho mais velho com a sogra.
“Quando ele voltou, eu estava na mesma situação, sozinha e suja. Meu marido começou a pedir ajuda e só uma enfermeira apareceu. Já eram quase 6h. Sem nem me examinar, ela disse que o parto ainda ia demorar. O tempo todo eu dizia que o bebê ia nascer, que a cabeça já estava saindo, mas a enfermeira insistiu em afirmar que isso era o tampão mucoso e foi embora, depois de me desprezar”, alegou.
Quando a funcionária deu as costas, Yasmim nasceu, relatou Marysol. “Fiquei três horas em trabalho de parto sozinha, sem ninguém para me examinar. A única pessoa que me ajudou foi o Wander. Ele que fez tudo, inclusive, me limpou”, completou.
Com o bebê nos braços, Wander pediu socorro. “Quando a equipe entrou no quarto, as funcionárias perguntaram o que tinha acontecido e ainda falaram ‘nasceu o que?’”, acrescentou o pai.
Direção alega que monitorou a gestante
A Secretaria de Saúde afirmou que “a direção do Hospital Regional de Sobradinho esclarece que não houve negligência no parto. A paciente estava internada no leito pré-parto, que consiste em uma cama hospitalar eletrônica adequada para tal função”.
A pasta ressaltou que, desde o momento da internação, a gestante estava acompanhada do pai da criança e de um profissional da área de enfermagem. “Na ocasião, foram feitos diversos exames e acompanhamento rigoroso da dilatação. Ao perceber que o nascimento era iminente, a servidora que fazia o monitoramento ausentou-se da sala para chamar a médica plantonista. Na volta da profissional de enfermagem, poucos minutos depois, a paciente deu à luz. O trabalho de parto desta paciente evoluiu de forma extremamente rápida, antes da chegada da médica, que atendia a outro caso de emergência”, completou o órgão.
Por fim, a secretaria alegou que a direção do hospital frisa que o parto foi completamente monitorado por uma servidora. Segundo a pasta, o bebê nasceu com 3kg, passou por consulta, foi submetido a exames e teve alta dois dias depois.
Saiba mais
No cartão de nascimento de Yasmim não há o carimbo do médico que realizou o parto, o que comprova que ninguém fez o procedimento, segundo o pai.
Dias depois do nascimento da criança, quando teria alta, Marysol teve de ser atendida mais uma vez. Ela contou que os pontos estavam infeccionados e que teve que passar por limpeza. Segundo a dona de casa, a dor era insuportável e, mesmo assim, a médica disse para ela ser rápida, pois ela tinha muito o que fazer.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login