Centro-Oeste
SES-DF usa bactéria para combater vírus da dengue

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) vai implantar em Brasília o método Wolbachia para controlar a dengue. A estratégia consiste em aumentar a população de mosquitos Aedes aegypti que não transmitem dengue, chikungunya, febre amarela e zika.
A bactéria Wolbachia, quando presente no mosquito, impede o desenvolvimento dos vírus responsáveis por essas doenças, reduzindo assim a transmissão para os seres humanos. Como a Wolbachia não ocorre naturalmente nos mosquitos Aedes aegypti, cientistas introduziram a bactéria em alguns insetos chamados “Wolbitos”, que depois são liberados no ambiente para se multiplicar.
Representantes da SES-DF, do Ministério da Saúde, das cidades de Valparaíso (GO) e Luziânia (GO), e da empresa que fornece a tecnologia visitaram na quinta-feira (3/7) o Núcleo de Controle Químico e Biológico do Distrito Federal, onde os mosquitos são criados.
Nos próximos meses, os Wolbitos serão soltos em regiões como Brazlândia, Sobradinho 2, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã, áreas com histórico de maior incidência de dengue.
Esses mosquitos liberados no ambiente não transmitem nenhuma doença. A previsão da SES-DF é que, no início da estação das chuvas, os Wolbitos comecem a se reproduzir, o que ajudará a diminuir a população de mosquitos capazes de transmitir vírus às pessoas.
Luciano Moreira, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), iniciou em 2011 as conversas para trazer este método ao Brasil. A descoberta da Wolbachia ocorreu durante seu pós-doutorado na Austrália.
A Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos no mundo. Em laboratório, especialistas retiraram a bactéria da mosca-da-fruta e a inseriram em ovos de Aedes aegypti, comprovando que, com a bactéria, os vírus da dengue, zika, febre amarela e chikungunya não se desenvolvem no mosquito.
“Com o tempo, a quantidade de mosquitos que carregam Wolbachia aumenta até estabilizar, eliminando a necessidade de novas liberações. Essa técnica é sustentável e uma solução ecológica a longo prazo”, explica a página do World Mosquito Program Brasil, coordenado pela Fiocruz.
Além disso, estudos mostram que a Wolbachia, sendo intracelular, não pode ser transmitida a humanos nem a outros mamíferos, assegurando a segurança do procedimento.

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