Centro-Oeste
Sócio foragido de clínica clandestina envolvida em incêndio é servidor da SES-DF
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou cinco pessoas pelo incêndio ocorrido no Instituto Terapêutico Liberte-se, que resultou na morte de seis pessoas e deixou 12 feridas. Entre os indiciados estão três administradores e dois monitores da clínica ilegal, que responderão por homicídio doloso, tentativa de homicídio, cárcere privado, maus-tratos e exercício ilegal da profissão.
Douglas Costas de Oliveira Ramos, 34 anos, e sua esposa, Jockcelane Lima de Sousa, 37 anos, estão detidos preventivamente desde setembro. O terceiro administrador, Geraldo Ramos de Jesus Júnior, 48 anos, encontra-se foragido. Ele também é servidor da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), onde trabalha como motorista, recebendo remuneração bruta mensal de R$ 4.211,75, conforme dados do Portal da Transparência do GDF.
A perícia não conseguiu determinar a causa exata do incêndio. Contudo, o delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia, Bruno Cunha, indicou que cigarros e um isqueiro encontrados no local podem ter provocado as chamas, descartando a hipótese de curto-circuito.
Vinte e um pacientes estavam trancados na propriedade com cadeados e permaneciam sedados durante o incêndio. Conforme relato, os monitores administravam a medicação de maneira irregular, sem receitas válidas após o primeiro mês de tratamento, o que foi confirmado pelo delegado.
A investigação revela que a clínica funcionava sem autorização oficial, sem licenças e sem condições mínimas de segurança contra incêndios, como saídas de emergência, detectores de fumaça, sistema de vigilância, plano de evacuação ou extintores acessíveis. Pacientes também eram castigados e impedidos de manter contato com familiares, sendo mantidos sob condições inadequadas que contribuíram para a tragédia.
O incêndio ocorrido na madrugada do dia 31 de agosto vitimou cinco pessoas carbonizadas no local: Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos. Outro paciente, Luiz Gustavo Ferrugem Komka, faleceu após semanas internado por inalação de fumaça.
A unidade funcionava sem alvará e a porta única de entrada e saída estava trancada para evitar furtos e fugas, conforme depoimento de um dos proprietários. As grades nas janelas impediam qualquer rota de fuga alternativa.
A Polícia Civil indiciou os envolvidos e encaminhou o inquérito ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As clínicas de reabilitação relacionadas permanecem fechadas e as autoridades mantém as investigações em andamento para responsabilizar todos os envolvidos.


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