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Economia

Tarifa dos EUA pode encarecer café, suco e hambúrguer

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O café da manhã nos Estados Unidos pode ficar mais caro nos próximos meses devido à decisão do ex-presidente Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre diversos produtos importados do Brasil, válida a partir de 1º de agosto. Essa medida impactará diretamente itens como café, suco de laranja e carne bovina, afetando tanto o custo para o consumidor quanto o cardápio diário.

A sobretaxa incide sobre produtos essenciais, e seus efeitos deverão ser rapidamente sentidos nas prateleiras dos supermercados e nas redes de alimentação americanas.

Mais de 99% do café consumido nos EUA é importado, sendo o Brasil responsável por cerca de 30% desse volume, com 486 mil toneladas exportadas somente em 2024. Qualquer interrupção nesse fluxo representa um desafio para o abastecimento do país.

Guilherme Morya, analista de café do Rabobank, comentou ao The New York Times que uma mudança brusca seria prejudicial para todos os envolvidos.

Nos portos brasileiros, empresas de commodities aceleram embarques e realocam estoques localizados em países como Canadá e México para garantir que os produtos cheguem aos EUA antes do aumento das tarifas. Jeff Bernstein, diretor da trader RGC Coffee, explicou que algumas cargas foram antecipadas, mas para outras não há alternativas viáveis.

Antes mesmo da tarifa entrar em vigor, a inflação já pressiona os preços. O índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA subiu 2,7% em 12 meses até junho, com aumentos em setores sensíveis às tarifas, como eletrodomésticos. Ryan Cummings, chefe de gabinete do Instituto Stanford de Pesquisa em Política Econômica, destacou que o impacto no preço do café chegará rapidamente ao consumidor final, podendo aumentar em até 25 centavos por xícara em três meses.

O preço médio do café torrado e moído passou de US$ 5,99 para US$ 7,93 em um ano. Além disso, a qualidade do grão pode diminuir, já que o Brasil é o maior produtor do tipo arábica, mais suave e valorizado, enquanto alternativas como o robusta não seriam suficientes para suprir a demanda americana, conforme ressaltou o economista Antônio Ricciardi, do banco Daycoval.

O suco de laranja, outro item afetado, tem o Brasil como fornecedor de 90% do suco fresco e 55% do congelado consumido nos EUA. A produção local na Flórida não consegue atender à demanda devido a doenças e fenômenos climáticos extremos. David Gantz, do Instituto Baker, afirmou que a falta do suco brasileiro traria grande prejuízo para os consumidores americanos.

Além disso, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) destacou que o impacto da tarifa não será apenas para o Brasil. Guilherme Coelho, presidente da entidade, mencionou que, inicialmente, os americanos pensavam que a medida prejudicaria só o Brasil, mas agora perceberam que eles também enfrentarão dificuldades.

A carne bovina brasileira é fundamental na cadeia alimentar americana, especialmente para as redes de hambúrgueres, já que a produção doméstica dos EUA está em seu menor nível em mais de 70 anos. Nos primeiros cinco meses de 2025, os EUA aumentaram em dobro suas compras do Brasil, que representam 21% do total das importações. A tarifa pode elevar significativamente os preços e pressionar os custos das grandes redes.

Embora algumas empresas, como a Starbucks, estejam protegidas por contratos de longo prazo, os efeitos devem se refletir em médio prazo. A produção de café nos EUA é limitada e não atende nem 1% da demanda nacional.

Assim, dependendo do desfecho das negociações, a alta tarifária poderá modificar o que os americanos encontram em suas mesas — seja no sabor, na variedade ou, principalmente, no preço.

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