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Três grupos lideram crime dentro do presídio da Polícia Civil

Um estudo realizado pela Corregedoria da Polícia Civil, após a apreensão de celulares, drogas, dinheiro e anabolizantes no Presídio Especial da Polícia Civil na zona norte de São Paulo, revelou a existência de três grupos criminosos formados por policiais que exercem controle sobre o crime dentro da unidade.
A chegada de dez agentes da instituição entre setembro de 2023 e fevereiro deste ano alterou a rotina dos detentos, como divulgado pelo Metrópoles.
Dois policiais civis, Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro, e Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, foram os primeiros a desorganizar a rotina do presídio. Eles foram presos sob suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e de receber propina para encerrar investigações sobre tráfico de drogas. Esses policiais constituem o primeiro grupo identificado pela Corregedoria.
Ambos foram indiciados por crimes contra a administração pública, usura, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O Ministério Público de São Paulo acusa-os de receber R$ 800 mil do traficante João Carlos Camisa Nova Júnior para cessar investigações sobre o envio de toneladas de cocaína para a Europa.
As investigações apontam que a propina era paga mensalmente entre 2020 e junho de 2021 por advogados associados ao PCC, o que resultou no arquivamento de investigações e na interrupção de um inquérito do Departamento de Narcóticos (Denarc). O delator do PCC, Vinícius Gritzbach, assassinado no Aeroporto de Guarulhos, teria informado aos policiais sobre a localização de 15 casas-forte da facção com milhões de reais em espécie escondidos.
O segundo grupo é formado pelo delegado Fábio Baena Martin, o investigador-chefe Eduardo Lopes Monteiro, e os investigadores Rogério de Almeida Felício (Rogerinho), Marcelo Marques de Souza (Bombom) e Marcelo Roberto Ruggieri (Xará). Todos estão sendo investigados pelo possível envolvimento no assassinato de Gritzbach e respondem por organização criminosa, corrupção, ocultação de capitais, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.
Em fevereiro, o policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior foi preso e levado para o presídio após operação do Ministério Público e da Polícia Federal que investiga fintechs ligadas ao PCC, como o 2GO Bank e o Invbank. Ele já havia sido detido em operação contra crimes financeiros que movimentaram R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos.
O terceiro grupo é liderado pelo investigador-chefe do 77º DP (Santa Cecília), Cléber Rodrigues Gimenez, que mantinha uma rede através da qual drogas desviadas das apreensões eram vendidas. Um de seus associados, o investigador Thiago Gonçalves de Oliveira, também está detido.
A Corregedoria destaca que as atitudes desses policiais lembram as táticas do PCC, que coordena crimes mesmo estando encarcerados. O grupo usava recursos tecnológicos para se comunicar com o mundo exterior, assim como faz a facção criminosa.
Além disso, a chegada desses grupos causou ruptura na ordem e nos protocolos do presídio, que antes mantinha boa convivência entre os detentos sem ocorrências relevantes. Nas operações de busca e apreensão feitas em fevereiro e março, foram recolhidos 30 celulares, mais de R$ 32 mil em dinheiro, armas brancas, computadores, maconha, bebidas alcoólicas e anabolizantes.
A Corregedoria ainda alerta para o risco iminente de fuga, seja por resgate violento ou pela construção de um túnel, devido à vulnerabilidade da segurança da unidade e ao poder financeiro dos grupos dentro do presídio.
Até 4 de julho, 86 policiais civis estavam detidos no presídio: 66 cumprindo regime fechado e os demais em regime semiaberto.

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