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Venezuelanos solicitam ao Conselho do Brics ajuda para se juntar ao bloco

Os movimentos sociais da Venezuela formalizaram neste 5 de junho o pedido para participar do Brics e do Conselho Popular do bloco, que é composto por organizações sociais dos países membros. A solicitação foi feita através de uma carta entregue diretamente ao conselho durante o primeiro encontro presencial da organização realizado no Rio de Janeiro.
A inclusão da Venezuela no Brics foi recusada em 2024 durante a cúpula na Rússia, quando o Conselho Popular também foi reconhecido oficialmente como parte da instituição. Essa decisão gerou um atrito entre Brasília e Caracas.
Blanca Eekhout, deputada venezuelana e presidentA do Instituto Simón Bolívar de Amizade com os Povos, entregou o pedido. Ela reforçou que este conselho representa os movimentos sociais do Brics e que os grupos populares da Venezuela desejam participar. “O Brics representa um mundo novo, multipolar e plural, no qual a Venezuela aposta desde o começo”, afirmou à Agência Brasil.
Cesar Carias, representante do Movimento Indígena Unido de Venezuela (MIUVEN), também fez o pedido. Ele expressou a esperança de que o veto à Venezuela seja removido para que a voz do país seja ouvida dentro do bloco, destacando o desejo dos povos indígenas e dos movimentos sociais de integração e solicitando apoio do conselho.
No ano anterior, o Brasil justificou o veto à entrada venezuelana com base em alegações de pouca transparência nas eleições presidenciais. Em contrapartida, Rússia e China apoiaram a Venezuela, e especialistas indicam que o ingresso da nação sul-americana no Brics deve ocorrer em breve.
O documento final do Conselho Popular, que será apresentado na cúpula do bloco em 6 de junho, defende a ampliação dos países membros do Brics na América Latina, que atualmente conta apenas com o Brasil como membro pleno. Cuba e Bolívia têm status de parceiros. A Argentina, convidada em 2024 durante a presidência de Javier Milei, recusou o convite.
João Pedro Stédile, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Alba Movimentos, que reúne cerca de 400 organizações em 25 países, afirmou que o veto brasileiro foi inesperado e defende que o bloco cresça para ganhar mais força no Sul Global. Ele destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já convidou outros países latino-americanos e argumentou que a exclusão da Venezuela não faz sentido.
Segundo o economista e coordenador do MST, é fundamental ampliar a participação de países da América Latina, África e Ásia para fortalecer o Brics frente à atual crise do imperialismo e dos Estados Unidos.
Uma das principais metas do bloco, que foi criado por Brasil, Rússia, Índia e China, é estabelecer um sistema alternativo que não dependa do dólar como moeda de referência nas transações internacionais.
O Conselho Popular do Brics surgiu e foi reconhecido na Declaração de Kazan em 2024. Desde então, foram criados conselhos nos países membros com o propósito de aumentar o envolvimento da sociedade civil nas questões estratégicas. No Brasil, o processo de formação do conselho popular contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, organizações não governamentais e pesquisadores.

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