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Votação do relatório sobre mandato de Cunha ameaça desestabilizar a casa
A imprevisibilidade do resultado – o destino de Cunha está nas mãos da deputada Tia Eron (PRB-BA) – também mergulha o cenário legislativo na incerteza
A votação do relatório que pede a cassação do mandato do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), marcada para a quarta-feira, pode alterar de vez a correlação de forças na Casa com reflexos na base governista do presidente interino Michel Temer. A imprevisibilidade do resultado — o destino de Cunha está nas mãos da deputada Tia Eron (PRB-BA) — também mergulha o cenário legislativo na incerteza, em um momento em que o Planalto comemora a rearticulação dos aliados, após duas vitórias expressivas na Câmara: a alteração do limite da meta fiscal e a prorrogação da Desvinculação dos Recursos da União (DRU).
Tia Eron tem dito, em entrevistas e conversas com aliados, que a pressão exercida pelos eleitores será maior do que a promovida pelos seus pares. E que votará de acordo com a própria consciência, levando em conta as provas que constam na investigação sobre a existência de contas em nome de Cunha no exterior, objeto do pedido de cassação do peemedebista em análise no Conselho de Ética. Se ela ficar favorável a Cunha, decide a disputa por 11 a 9. Se votar pela cassação, o placar apontará 10 a 10 e o voto de minerva caberá ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA) — desafeto declarado do presidente da Casa.
Caso seja aprovada a cassação no Conselho, o relatório será analisado no plenário. Com votação aberta, em pleno ano eleitoral, as chances de Cunha de escapar da cassação diminuem, mas ele ainda conta com uma tropa de choque fiel e alinhada. Próximo a ele, o líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE), tem procurado se distanciar do padrinho e aproximar-se do núcleo palaciano desde que foi nomeado para o posto.
Temer terá outro imbróglio para resolver nesta segunda-feira. Ele deve reunir-se com o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Fábio Medina Osório, hoje, com Padilha. Medina balança no posto, ameaçado pelas reviravoltas na demissão de Ricardo Melo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e por uma suposta carteirada para embarcar em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para Curitiba.
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