Mundo
Xi Jinping pede união da ‘família asiática’, em resposta a ofensiva tarifária de Trump

Presidente da China está no Camboja, última etapa de seu périplo por três países do Sudeste Asiático
O presidente da China, Xi Jinping, promoveu a ideia de uma “família asiática” e pediu unidade regional durante um périplo pelo Sudeste Asiático, em um aparente esforço para conter a pressão dos Estados Unidos sobre as nações para que limitem seus laços comerciais com Pequim.
Xi desembarcou nesta quinta-feira em Phnom Penh, capital do Camboja, dando início à última etapa de sua viagem por três países, enquanto o governo Trump se prepara para buscar a cooperação de parceiros comerciais no cerco a Pequim.
O líder chinês enfatizou a solidariedade em um discurso durante um jantar de estado na Malásia no dia anterior, quando os dois países assinaram acordos abrangentes como sinal do aprofundamento dos laços econômicos.
— China e Malásia permanecerão ao lado dos países da região para combater as correntes subterrâneas de confronto geopolítico e baseado em blocos — disse Xi na capital administrativa malaia de Putrajaya. — Juntos, protegeremos as promissoras perspectivas de nossa família asiática.
As duas nações se comprometeram a implementar seu Programa de Cooperação Econômica e Comercial de Cinco Anos e a construir uma “comunidade estratégica de alto nível entre Malásia e China”.
Em outra crítica velada aos Estados Unidos, o líder chinês reiterou seu apelo contra o unilateralismo em um artigo publicado hoje na mídia cambojana, antes de sua chegada à capital.
“Devemos nos opor juntos ao hegemonismo e à política de poder”, escreveu ele, acrescentando que os dois vizinhos devem “opor-se resolutamente a quaisquer tentativas de forças externas de interferir em nossos assuntos internos e semear discórdia”.
As declarações de Xi ocorrem em meio à escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington. A Bloomberg News noticiou que os EUA estão se preparando para pedir a outros países que adotem medidas para limitar o poderio industrial da China, incluindo a imposição de tarifas secundárias sobre produtos chineses, em troca de concessões tarifárias.
Tanto a China quanto os Estados Unidos parecem estar firmes em suas posições após Trump aumentar as tarifas sobre produtos chineses para até 145%, e Pequim retaliar com tarifas de cerca de 125% sobre importações americanas.
Xi escolheu o Sudeste Asiático como destino de sua primeira viagem internacional do ano, em uma tentativa de evitar que os países da região fechem acordos com os EUA em detrimento da China. Apesar de uma trégua de 90 dias, as ameaças de Trump com aumentos de tarifas forçaram muitos governos da região a manter um equilíbrio cada vez mais delicado entre as duas potências.
Como demonstração de um sucesso diplomático inicial de Xi, o Ministério das Relações Exteriores da China divulgou um comunicado sugerindo que ele conta com o total apoio da Malásia. O primeiro-ministro Anwar Ibrahim elogiou Xi como um “líder extraordinário” e expressou oposição à independência de Taiwan, a democracia autogovernada reivindicada por Pequim.
Anwar também afirmou que os membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) “não apoiarão quaisquer tarifas comerciais unilaterais”, já que seu país ocupa a presidência rotativa do bloco, segundo a declaração chinesa.
Esse esforço diplomático foi reforçado por uma declaração conjunta divulgada nesta quinta-feira, na qual China e Malásia concordaram em intensificar a colaboração em setores como indústria, cadeias de suprimento, dados e talentos.
A viagem regional de Xi começou no Vietnã na segunda-feira, quando os líderes vietnamitas o receberam calorosamente e assinaram 45 acordos para aprofundar os laços econômicos.
Hanói divulgou um comunicado conjunto dizendo que os dois lados “se opõem ao unilateralismo” e a quaisquer ações que coloquem em risco a paz e a estabilidade regionais — mantendo, em grande parte, a linguagem que já havia utilizado anteriormente.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login