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Zelensky enfrenta crise de corrupção e disputas judiciais na Ucrânia

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Um escândalo de corrupção e acusações crescentes de que a presidência ucraniana utiliza o Judiciário para intimidar opositores colocaram o presidente Volodimir Zelensky em uma situação delicada, quase quatro anos após o início da invasão russa à Ucrânia.

O atual ministro da Justiça e ex-ministro da Energia, German Galushchenko, foi afastado de suas funções nesta quarta-feira (12) sob suspeita de corrupção.

O político, que nega as acusações, está envolvido em investigações sobre um possível esquema de propinas de 100 milhões de dólares (527 milhões de reais) na empresa nacional de energia.

Este escândalo atingiu um aliado próximo do presidente, Timur Mindich, e gerou forte indignação nacional, especialmente em meio a ataques diários contra a infraestrutura energética pelo exército russo.

Mindich é coproprietário de uma produtora audiovisual fundada por Zelensky. O caso acontece em um momento crítico para o presidente, já que as tropas russas avançam na região leste do país.

Zelensky mantém alta popularidade desde o início do conflito, mas outros episódios o têm colocado sob intensa crítica, especialmente por supostas manobras para usar o sistema judicial a fim de calar opositores.

Um ponto central dessa controvérsia é a prisão em outubro de Volodymyr Kudrytsky, ex-diretor da empresa pública de energia Ukrenergo até 2024, acusado de desvio de recursos.

Kudrytsky, que se diz injustiçado, sustenta que as acusações são uma retaliação por suas críticas à estratégia ucraniana de proteger a rede de energia contra ataques russos.

“Isto é uma ação puramente política. Tudo isso não ocorreria sem o envolvimento do gabinete presidencial”, declarou Kudrytsky, que atualmente está em liberdade provisória.

Ele acredita que as autoridades querem enviar uma mensagem clara sobre as consequências de discutir temas sensíveis.

O defensor público para assuntos empresariais, Roman Waschuk, avaliou que as evidências parecem frágeis e alertou para o risco de perseguição a profissionais que atuam em suas funções corporativas.

Para a deputada da oposição Inna Sovsun, essa é uma estratégia para intimidar opositores por meio de investigações criminais. “Você sabe que há um processo contra você e que ele será usado se fizer algo que desagrade”, afirmou.

Em resposta a questionamentos, Zelensky declarou que o caso deve ser tratado judicialmente, enfatizando a importância do sistema de energia nacional e ressaltando a responsabilidade do ex-diretor.

Além desses episódios, o recente escândalo envolvendo Timur Mindich tem levantado inquietações sobre a concentração de poder na Ucrânia.

Em julho, Zelensky propôs uma lei que restringiria a autonomia dos órgãos anticorrupção, mas, diante da forte reação popular e das primeiras manifestações em anos de guerra, a iniciativa foi retirada.

Estes acontecimentos representam um desafio para a União Europeia, que apoia a candidatura da Ucrânia mas exige reformas democráticas essenciais.

Historicamente, a Ucrânia enfrenta problemas recorrentes de corrupção, um grande obstáculo para sua entrada na UE. Outros casos semelhantes envolvendo antigos e atuais líderes políticos têm sido apontados como tentativas de retaliação ou manobras políticas.

A diretora do Centro de Ação Anticorrupção, Daria Kaleniuk, expressou preocupações sobre como Zelensky lidará com a situação, questionando se ele protegerá seus aliados próximos e atacará seus adversários.

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