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Saúde

Anticoncepcional masculino sem hormônio se mostra promissor em estudo

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Apesar de já existirem estudos voltados para o desenvolvimento de uma pílula anticoncepcional masculina, o avanço na área ainda é limitado. No entanto, uma nova pesquisa publicada no dia 23 deste mês mostrou que pílula não hormonal pode ser uma opção promissora e reversível para a contracepção masculina.

Os achados foram publicados na revista científica Science por pesquisadores do BCM (Baylor College of Medicine), nos Estados Unidos. O estudo foi feito com modelos animais (ratos) e utilizou uma abordagem não hormonal baseada em uma molécula que pode inibir a STK33 (serina/treonina quinase 33), uma proteína que atua na fertilidade de homens e de camundongos.

Pesquisas anteriores mostraram que a STK33 é enriquecida nos testículos e é necessária para a formação de espermatozoides funcionais. Em camundongos, a mutação no gene dessa proteína os torna estéreis por causar a anormalidade do esperma e a baixa motilidade (capacidade de movimento) espermática.

Nos homens, ter uma mutação no STK33 também leva à infertilidade. No entanto, essas alterações genéticas não causam anormalidade nos testículos e nem causam outras condições de saúde nos homens e nos camundongos.

“STK33 é, portanto, considerado um alvo viável com preocupações mínimas de segurança para contracepção em homens”, afirma Martin Matzuk, diretor do Centro para Descoberta de Medicamentos e presidente do Departamento de Patologia e Imunologia em Baylor, em comunicado divulgado pelo BCM. “Inibidores do STK33 foram descritos, mas nenhum é específico do STK33 ou potente para interromper quimicamente a função do STK33 em organismos vivos.”

Como o estudo foi feito?

Para realizar o estudo, os pesquisadores usaram uma tecnologia chamada DEC-Tec (Tecnologia Química Codificada por DNA), que foi útil para examinar uma coleção multibilionária de compostos para descobrir inibidores potentes da proteína STK33.

Com isso, foi possível identificar quais substâncias poderiam inibir a proteína, levando à infertilidade nos camundongos. Em seguida, os pesquisadores geraram versões modificadas para tornar esses compostos mais estáveis, potentes e seletivos. “Entre essas versões modificadas, o composto CDD-2807 revelou-se o mais eficaz”, afirma Angela Ku, cientista da equipe do laboratório Matzuk.

“Em seguida, testamos a eficácia do CDD-2807 em nosso modelo de camundongo”, explicou a coautora do estudo Courtney M. Sutton, pós-doutora no laboratório Matzuk. “Avaliamos várias doses e esquemas de tratamento e, em seguida, determinamos a motilidade e o número de espermatozoides nos camundongos, bem como sua capacidade de fertilizar as fêmeas.”

Segundo os pesquisadores, o composto CDD-2807 atravessou com eficácia a barreira sangue-testículo e reduziu a motilidade e o número de espermatozoidesdiminuindo a fertilidade dos ratos. “Ficamos satisfeitos em ver que os ratos não mostraram sinais de toxicidade do tratamento com CDD-2807, que o composto não se acumulou no cérebro e que o tratamento não alterou o tamanho dos testículos, semelhante aos ratos knockout para Stk33 e aos homens. com a mutação STK33”, afirma Sutton.

Efeito na fertilidade é reversível

Um dos pontos positivos dos achados, segundo os autores, é o fato de o efeito do inibidor de STK33 ter sido reversível. Ou seja, a infertilidade não é definitiva. “Após um período sem o composto CDD-2807, os ratos recuperaram a motilidade e o número de espermatozoides e ficaram férteis novamente”, afirma Sutton.

O próximo passo do estudo é avaliar mais profundamente o CDD-2807 como inibidor da proteína STK33 e outros compostos com ações similares em primatas, para determinar sua eficácia como contraceptivo masculino reversível.

CNN Brasil

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