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Alunos mostram condições em que vão devolver prédio da Fernão Dias
Estudantes adiaram desocupação da escola para esta segunda-feira (4). Salas restritas, materiais encostados e má conservação foram relatados.
Após anunciarem o adiamento para a desocupação da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, os alunos mostraram, neste domingo (3), as condições em que o prédio da unidade será devolvido à Diretoria Regional de Ensino. Os estudantes afirmaram que devem deixar o local às 18h desta segunda-feira (4).
“Recentemente pedimos mochilas e a diretora disse que não tinha. Olha aqui como não tem”, afirmou outro aluno, mostrando uma caixa com dezenas de mochilas.
De acordo com Heudes, é comum a falta de papel higiênico e copo descartável. Os estudantes se disseram surpresos ao encontrar a despensa cheia durante a ocupação.
A diretoria regional esclareceu que irá apurar eventuais irregularidades apontadas pelos estudantes. A Secretaria de Educação informou que será feita uma vistoria na Fernão Dias. “Assim que as chaves forem entregues, o planejamento para a retomada das aulas visando à conclusão do calendário letivo de 200 dias será feito.”
A escola está ocupada desde 10 de novembro e foi a primeira da capital paulista a ser fechada pelos estudantes – antes dela, apenas a Escola Estadual Diadema, no ABC, em 9 de novembro. Eles protestavam contra a proposta da reorganização escolar, suspenso em 4 de dezembro pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Um juiz chegou a conceder a reintegração de posse da escola, mas ele mesmo derrubou a decisão dias depois e defendeu o diálogo.
Situação da escola
Subindo as escadas com piso e corrimão danificados, os alunos mostraram uma sala onde compilaram as reportagens sobre a ocupação publicadas pelos jornais ao longo das últimas semanas. Os textos foram colados em um pedaço deteriorado da lousa.
De acordo com os jovens, a biblioteca, assim como as salas de leitura, biologia, vídeo e informática, o teatro e o ginásio ficam fechados na maior parte do tempo. O acesso aos espaços é restrito e os alunos relatam dificuldades até mesmo para os professores em marcar horários para a utilização das salas.
Os jovens mostraram o arquivo-morto da escola bastante empoeirado, com documentos centenários em má condição de preservação.
No ginásio, além do relato sobre a existências de muitas goteiras, que danificam o piso de madeira da quadra, os estudantes contaram que sentem falta de chuveiros nos vestiários.
Adiamento
A entrega das chaves para a Diretoria de Ensino estava prevista para acontecer na tarde deste domingo. “Não surgem imprevistos para a Secretaria de Ensino? Também surgiu um para a gente. Achávamos que seria possível desocupar nesse fim de semana, mas não será possível. Desocuparemos amanhã [segunda-feira (4)], às 18h. Podem combinar com a perícia esse horário”, disse Heudes.
“Assim vocês vão atrasar o início do ano letivo. É preciso desocupar, para aí sim fazer o Boletim de Ocorrência e a perícia na sequência”, explicou Flavia Zeraik, supervisora de ensino. “Paciência. Não conseguimos arrumar tudo para a desocupação. Diferentemente da palavra de vocês, a nossa vale. Amanhã às 18h desocuparemos”, disse Heudes para os representantes da Secretaria de Educação.
Ocupação contra a reorganização
A ocupação dos alunos na Fernão Dias começou no dia 10 de novembro. A escola foi a segunda do estado a ser ocupada após o governo decidir fechar mais de 90 unidades escolares e transferir mais de 300 mil alunos.
Apesar de os estudantes afirmarem que o movimento das ocupações era horizontal e não tinha lideranças, a Fernão Dias acabou concentrando os organizadores das manifestações.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, até sábado (2) dez escolas permaneciam ocupadas. Duas delas em Santos e o restante na capital paulista.
Durante a série de protestos contra a reorganização, aproximadamente 200 escolas chegaram a ser ocupadas. O governo estadual informou que mais de 80 escolas foram depredadas, o que causou um prejuízo de R$ 1 milhão aos cofres públicos.
Pedido de melhorias
Heudes contou que o documento seria redigido com alguns temas como “o debate sobre solução na questão de vestimenta, que é obrigatório e não deveria ser por lei”. “Queremos discutir uma solução melhor para isso. Queremos projetos educacionais para os alunos também”.
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