Economia
Dólar segue em alta e fecha a R$ 4,14; Bolsa cai mais uma vez
Declarações de Bolsonaro e relatório da PF sobre Rodrigo Maia empurraram divisa americana para cima e derrubaram a Bolsa
Repercutindo as declarações do presidente Jair Bolsonaro e o crescimento da impopularidade do governo e a tensão da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o dólar, que abriu com forte queda, virou e passou a subir, terminando o dia com alta de 0,36% a R$ 4,14. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), também reagiu. Recuou 1,27%, fechando a 96.430 pontos, o menor valor de fechamento desde 5 de junho (95.998,75).
O desentendimento entre o presidente da França, Emmanuel Macron, e Bolsonaro pelas questões ambientais da Amazônia continuam e colocam em questão o acordo entre Mercosul e União Europeia. Se a tensão já não era pequena, piorou no meio da tarde quando relatório da Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois em investigações que envolvem a delação da Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato. As ações do BTG Pactual também recuaram com as denúncias do esquema de lavagem de dinheiro em mais uma fase da operação. Os papéis do banco encerraram em queda de 18,48%, negociados a R$ 46,46.
O economista-chefe da G2W investimentos ressaltou o protagonismo interno nos resultados negativos. “A queda foi puxada pelo cenário doméstico com muitos ruídos políticos, tanto pelas falas de Bolsonaro quanto pelo relatório da PF que traz indícios do relacionamento de Maia com corrupção. A saída de capital estrangeiro tem refletido bastante nessa posição negativa em agosto, além das incertezas e o período de realização dos investidores”, avalia.
No cenário externo, as coisas melhoraram desde que, durante a reunião do G7, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a elogiar o líder chinês, Xi Jinping, e afirmou que as perspectivas para um acordo entre os dois países estão melhores. Isso fez com que houvesse reação positiva na Bolsa de Nova York. Os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 subiram mais de 1%.
“Lá fora, ainda continua a aversão a risco e cautela vinda das preocupações já instaladas com a guerra comercial. O que aconteceu hoje (nesta segunda-feira — 26/8) foi que descolamos das bolsas americanas. Isso ocorreu devido às notícias internas, que trazem desconforto, e o atraso da reforma da Previdência, precificado pelos investidores internacionais”, ressalta Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset.
Focus
Na semana em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, o mercado voltou a dar sinais de preocupação com a recuperação da economia. Analistas ouvidos pelo BC para o boletim Focus reduziram a mediana das estimativas para o PIB de 2019 de 0,83% para 0,8%. As projeções para a inflação também caíram, passando de 3,71% para 3,65%.
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