Conecte Conosco

Mundo

Formação de governo na Espanha entra em fase final

Publicado

em

Há negociações avançadas para que o socialista Pedro Sánchez seja eleito para o congresso espanhol

Espanha: ainda não há uma definição sobre todos os cargos do governo (Fernando Vazquez Miras/Getty Images)

São Paulo – As negociações para que o socialista Pedro Sánchez seja eleito pelo Congresso da Espanha como presidente efetivo do Governo – ele ocupa o cargo interinamente desde abril – entraram em uma etapa decisiva, com os parlamentares reservando datas antes do final do ano para uma eventual sessão de posse.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), liderado por Sánchez, ganhou as eleições gerais de 10 de novembro, mas sem reunir maioria para formar o governo sem depender de alianças com outras legendas.

Depois de firmar um acordo com a coalizão de esquerda Unidas Podemos, o PSOE está negociando pelo menos uma abstenção da Esquerda Republicana Catalã (ERC). Caso obtenha sucesso, conseguirá formar o governo.

A porta-voz da ERC anunciou na segunda-feira que faltam pequenos detalhes para que a negociação seja concluída, e no mesmo dia o Congresso autorizou os dias 28, 29 e 30 de dezembro fossem reservados para sessões, abrindo a possibilidade de que o debate de posse de Pedro Sánchez possa ser realizado em um deles.

Mensagem de Natal do Rei cita situação política

O rei Felipe VI, após consultar os líderes dos partidos políticos representados no Congresso, propôs Sánchez como candidato à presidência do Governo – trâmite necessário no sistema político espanhol. Com isso, agora são as bancadas parlamentares que deverão negociar para levar a aprovação do socialista a votação em plenário.

O monarca lembrou ontem, em sua tradicional mensagem de Natal, que cabe ao Congresso dos Deputados conceder ou negar a confiança ao candidato proposto e, portanto, “tomar a decisão que considerar mais conveniente para o interesse geral de todos os espanhóis”. O rei, que é o chefe de Estado, exortou os compatriotas a enfrentarem o futuro unidos e sem “cair em extremismos”.

A presidente do PSOE, Cristina Narbona, elogiou nesta quarta-feira o fato de o rei ter compreendido que, diante dos desafios que a Espanha enfrenta, os cidadãos serem “capazes, como sociedade, de enfrentá-los juntos”, como desde a redemocratização pós-Franco, “graças a uma vontade de chegar a um consenso e a um entendimento entre pessoas com ideologias muito diferentes”.

O rei também reconheceu a Catalunha como uma das “sérias preocupações existentes na Espanha”, o que provocou críticas por parte dos partidos independentistas catalães e outros grupos nacionalistas.

Já o porta-voz do ERC no Congresso, Gabriel Rufián, comparou a mensagem do rei a um “comício” do partido ultradireitista Vox e, ironicamente, citou outras palavras de Felipe VI.

“Se você não gosta do discurso do rei, então não vote mais nele”, disse o político catalão no Twitter.

O presidente da região autônoma da Catalunha, o também independentista Quim Torra, afirmou hoje que é a Espanha que representa uma “séria preocupação” para a Europa, porque “viola os direitos humanos” e “não cumpre” as sentenças da União Europeia (UE).

Torra referiu-se à decisão do Tribunal de Justiça da UE (TJE), que na semana passada decidiu que o líder da ERC Oriol Junqueras – que cumpre pena de 13 anos de prisão por insurreição na participação no referendo de independência da região em 2017 – deveria ter sido reconhecido como membro do Parlamento Europeu desde o anúncio oficial dos resultados das eleições de maio e tinha imunidade parlamentar a partir de então.

Sentença sobre líder da ERC causa entrave

Essa decisão causou um terremoto político na Espanha e travou as negociações entre o PSOE e a ERC, pois o partido catalão anunciou que não voltaria a se reunir com os socialistas até saber “como será a atuação da Advocacia do Estado”, que representa o governo e deve apresentar um relatório sobre a aplicação da decisão do TJUE, assim como os outros partidos presentes no processo judicial.

A resposta provocou fortes críticas dos partidos do espectro da direita (PP, Ciudadanos e Vox), que acusam o PSOE de estar disposto a ceder aos independentistas e a quebrar a divisão de poderes para permanecer no poder de forma efetiva.

No entanto, embora a Advocacia do Estado ainda não tenha se pronunciado, os contatos entre o PSOE e a ERC foram mantidos, e os defensores da independência catalã não excluem uma possível posse de Sánchez nos próximos dias, em pleno período de destas de fim de ano.

Outra possibilidade é de que o debate de posse no Congresso comece no dia 2 de janeiro e que a última votação aconteça no dia 5, véspera do Dia de Reis, quando tradicionalmente são entregues os presentes de Natal na Espanha. EFE

 

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados