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Economia

Ibovespa cai 2% com pessimismo global e crise política brasileira

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Incerteza sobre duração da pandemia do novo coronavírus e arroubos antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro aumentam aversão a risco

Sede da Eletrobras: ações da estatal de energia recuam com perspectiva de queda do PIB brasileiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

A bolsa de valores brasileira B3 começa a semana em queda em meio ao aumento da preocupação mundial com a desaceleração econômica causada pela pandemia do novo coronavírus e à escalada da crise política no Brasil.

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, recuava 1,8% às 11h02, para 77.544 pontos. A ação preferencial da estatal de energia elétrica Eletrobras perdia 3,6%, a 25,02 reais, por causa das perspectivas cada vez mais pessimistas para a economia do país neste ano. A ação preferencial da Petrobras perdia 2,7%, a 15,70 reais, e a ordinária caía 1,9%, para 16,38 reais, acompanhando a baixa do petróleo.

O contrato futuro do barril de óleo tipo Brent, que é a referência usada pela Petrobras na sua política de preços, caía 7,2% em Londres, para 26,02 dólares o barril. Já o petróleo WTI, que é negociado em Nova York, desabava 39,8%, a 11 dólares, pelo desacasamento entre a queda da demanda e o aumento da produção nos Estados Unidos. A baixa é resultado da piora das expectativas em relação à crise provocada pela infecção respiratória covid-19. Com a desaceleração da economia, menos combustível vai ser necessário.

No Brasil, as previsões desanimam os investidores. O Produto Interno Bruto do país deve cair 2,96% neste ano, segundo a pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central com analistas de mercado. No levantamento anterior, a retração estimada era de 1,98%.

À crise do coronavírus se soma a instabilidade política fomentada pelo presidente Jair Bolsonaro para depreciar as empresas brasileiras na bolsa. Ontem, desrespeitando novamente as recomendações de distancimento social para conter a disseminação da pandemia, Bolsonaro participou de uma manifestação em Brasília que pedia um novo Ato Institucional número 5 – que, em 1968, inaugurou o período mais duro da ditadura militar no país – e o fechamento do Congresso Nacional.

O presidente disse a um grupo de manifestantes que acabou a “época da patifaria”. “Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente”, disse Bolsonaro, em meio a acessos de tosse, de cima da caçamba de uma caminhonete que usou como palco. Os comentários foram criticados por partidos de todo o espectro político.

Na manhã desta segunda-feira, 20, Bolsonaro usou mais uma vez a tática de desdizer o que havia afirmado para tentar colocar panos quentes na situação. Ao sair de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, disse a jornalistas que defende o Supremo Tribunal Federal e o Congresso “abertos e transparentes”.

 

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